Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

CAPÍTULO 4


Sabrina abandonou o escritório às seis horas. Tencionara sair mais cedo, mas havia uns
documentos que precisava de rever e assinar. Nada iria ser resolvido no fim-de-semana do
feriado, mas Sabrina ia tirar mais um dia de folga e a sua secretária precisava de dar
entrada de uns papéis no tribunal, assim que regressasse ao escritório na terça-feira.
Sabrina nunca gostava de deixar nada pendente. Era advogada em direito da família num
dos escritórios mais movimentados de Nova Iorque. Na sua maioria, tratava de acordos
pré-nupciais, divórcios e casos difíceis de custódia de menores. O que já vira nos seus oito
anos enquanto advogada convenceu-a de que nunca quereria casar-se, muito embora
fosse louca pelo namorado e de este ser um bom homem. Chris era advogado numa firma
rival. A sua especialidade era direito da concorrência (antimonopólios) e envolvia-se em
processos de acção colectiva que se arrastavam durante anos. Era sério, sensato,
simpático e amoroso e já namoravam há anos.
Sabrina tinha trinta e quatro anos. Ela e Chris não viviam juntos, mas passavam as noites
um com o outro, no apartamento dele ou no dela, três ou quatro vezes por semana. Os
pais dela finalmente haviam deixado de perguntar se e quando eles iam casar. O esquema
que mantinham resultava no caso deles. Chris era sólido como uma rocha. Sabrina sabia
que podia contar com ele e ambos adoravam os momentos que passavam juntos.
Gostavam de ir ao teatro, aos concertos, ao ballet, de caminhar, de passear, de jogar ténis
e apenas de estarem juntos aos fins-de-semana. Nesta altura, quase todos os seus amigos
eram casados e já iam a caminho dos segundos filhos. Sabrina ainda não estava preparada
para pensar sobre esse assunto e também não queria. Ambos já se haviam tornado sócios
nas suas firmas de advocacia. Chris estava quase com trinta e sete anos e, por vezes,
protestava, pois queria ter filhos, mas Sabrina discordava dele. Talvez quisesse ter filhos
um dia, mas não agora. Isto apesar de, aos trinta e quatro anos, ser a última das suas
amigas que ainda resistia. Sabrina pensava que aquilo que ela e Chris compartilhavam era
quase tão bom como se fossem casados, mas sem as dores de cabeça, o risco de divórcio
e o sofrimento a que ela assistia no seu trabalho todos os dias. Nunca quereria ser como
uma das suas clientes, odiando o homem com quem casara e sentindo-se amargamente
desapontada com o rumo que as coisas haviam tomado. Sabrina amava Chris e a vida dos
dois, tal como ela era.
Chris iria à festa dos seus pais no dia seguinte e passaria a noite na casa de Connecticut.
Ele sabia como estes fins-de-semana com a família eram importantes para Sabrina. Além
disso, gostava de todas as irmãs dela e também dos seus pais. Não havia nada em Sabrina
de que Chris não gostasse, excepto talvez a sua aversão ao casamento. Não conseguia, de
facto, compreendê-la, uma vez que os seus pais possuíam um casamento feliz. Chris
conhecia a natureza da sua prática de advocacia que a desencorajara. No início, achara
que se casariam dentro de poucos anos. Agora, já se haviam acomodado a uma rotina
confortável. Os apartamentos de ambos ficavam apenas a alguns quarteirões de distância
um do outro e podiam andar cá e lá com toda a facilidade. Chris tinha uma chave do
apartamento de Sabrina e ela tinha a chave do dele. Quando ela trabalhava até tarde,
telefonava-lhe e Chris ia até casa dela buscar a cadela. Beulah, uma basset hound, era a
filha substituta de ambos. Chris oferecera-lhe a cadela pelo Natal há três anos e Sabrina

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