adorava-a. Era um basset hound arlequim preto e branco, com um ar triste característico
da raça e uma personalidade a condizer. Quando Beulah não recebia atenção suficiente,
ficava com uma enorme depressão e eram precisos vários dias para mimá-la, a fim de
conseguir que ela saísse desse estado. Dormia aos pés da cama deles, apesar de ser uma
cadela com mais de vinte e sete quilos. Contudo, Chris não podia protestar, uma vez que
tinha sido ele a oferecer-lhe a cadela. Aquela oferta fora um sucesso gigantesco na época
e continuava a sê-lo desde então.
Sabrina saiu do escritório e foi a casa buscá-la. Encontrou Beulah sentada na sua cadeira
favorita junto à lareira, na sala de estar de Sabrina, com uma expressão ofendida no olhar.
Era óbvio que sabia que a sua dona estava atrasada para vir buscá-la, passeá-la e dar-lhe
de comer.
— Vá lá — disse-lhe Sabrina assim que entrou — não sejas tão carrancuda. Tinha de
acabar o meu trabalho. E não posso dar-te o jantar antes de irmos embora, senão vomitas
no carro.
Beulah enjoava no carro e detestava viagens longas. Sabrina sabia que levaria pelo menos
duas horas até chegarem a Connecticut, ou mais ainda, dependendo de como estaria o
trânsito do fim-de-semana do feriado. Iria ser uma viagem longa e lenta. Além disso,
Beulah odiava ficar sem comer uma refeição. Estava a ficar pesadota, por causa da falta de
exercício. Chris costumava levá-la para correr no parque aos fins-de-semana, mas nos
últimos tempos andavam ambos muito ocupados. Ele estava a trabalhar num caso
importantíssimo e Sabrina tinha em mãos, de momento, seis divórcios urgentes e pelo
menos três deles iriam a tribunal. A sua carga de trabalho era pesada, pois era muito
requisitada como advogada de divórcios entre a elite de Nova Iorque.
Sabrina deu um biscoito de cão a Beulah, que o basset cheirou com ar imponente e
desdenhoso, recusando-se a comer. Estava a castigar Sabrina, coisa que fazia com
frequência. Isso fazia Sabrina sorrir. Chris tinha mais jeito para lidar com a cadela e fazê-la
sair dos seus amuos, além de que era muito mais paciente com ela. Posto isto, Sabrina
estava ansiosa por se fazer à estrada. Preparara as malas na noite anterior e tudo o que
precisava de fazer era despir a sua roupa de trabalho, um fato saia e casaco em linho
cinzento-escuro, que usara para uma audiência no tribunal nessa manhã, com uma T-shirt
de seda cinzenta, um colar de pérolas e sapatos de salto alto. Mudou para uns jeans e
uma T-shirt de algodão e sandálias para a viagem de carro até Connecticut. Estava ansiosa
por lá chegar e sabia que isso não aconteceria antes das dez da noite. As irmãs Candy e
Annie já lá deveriam estar.
Sabrina sabia que Tammy não deveria chegar a casa antes das duas da manhã. O seu avião
chegava às onze e meia dessa noite e depois disso teria que ir de carro do Aeroporto JFK
até Connecticut. Sabrina mal podia esperar para que estivessem todas juntas de novo. Na
opinião de Sabrina, elas não se viam tanto quanto deveriam. Ela e Chris tinham ido à
Califórnia visitar Tammy há dois anos, mas nunca mais conseguiram voltar a fazê-lo,
apesar de estarem sempre a prometer arranjar tempo para lá irem de novo. Divertiram-se
imenso com Tammy, apesar dela estar sempre a trabalhar. As duas irmãs mais velhas do
clã eram as que tinham a mais forte ética profissional e Chris acusava-as, a ambas, de
serem viciadas no trabalho. Ele esforçava-se mais por sair do escritório a horas razoáveis e
recusava-se a trabalhar aos fins-de-semana. Sabrina tinha sempre a sua pasta abarrotada
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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