Danielle Steel - As Irmãs PT

— E nós também — respondeu Tammy, ao mesmo tempo que Candy olhava para ele,
horrorizada.
— Ela é uma artista! O senhor tem que salvar-lhe a visão!
O médico abanou a cabeça, mostrou-lhes a TAC e as radiografias num quadro iluminado
na sala de espera, e disse-lhes que estava à espera que chegasse o melhor neurocirurgião
e o melhor oftalmologista que fosse possível. Ambos haviam sido convocados. Uma vez
que era o feriado do Quatro de Julho, nenhum deles estava de serviço, mas felizmente
conseguiram que eles atendessem as chamadas. O neurocirurgião telefonara a dizer que
estava a caminho e tinham apanhado o oftalmologista num churrasco de família. Este
dissera que chegaria, no máximo, dentro de meia hora. Entretanto, Annie estava a receber
ventilação assistida. O seu coração parara de bater por duas vezes no caminho para o
hospital e já não respirava sozinha. Contudo, as suas ondas cerebrais eram normais. Tanto
quanto podiam saber, até ao momento não se tinham registado lesões cerebrais graves. O
inchaço do seu cérebro iria causar-lhe alguns problemas reais a muito curto prazo, mas o
médico declarou que estava mais preocupado com os olhos dela. Se Annie conseguisse
sobreviver ao acidente, havia boas hipóteses do seu cérebro voltar ao normal. Pelo que
vira dos ferimentos que Annie sofrera no acidente, não podia afirmar que conseguiriam
salvar-lhe a visão. A sua maior preocupação era os nervos ópticos poderem ter ficado sem
salvação possível. No entanto, os milagres acontecem, e eles precisavam muito de um
nesse momento.
O neurocirurgião chegou no momento em que estavam a ver as imagens do cérebro de
Annie. Depois de ele mesmo as examinar, explicou como seria o procedimento, quais os
riscos envolvidos e o tempo que provavelmente duraria a cirurgia. Também não lhes deu
falsas esperanças e afirmou que havia uma possibilidade muito forte de Annie poder
morrer na operação. Mas não tinham outra escolha. O médico disse com clareza que, sem
a cirurgia para fazer diminuir o inchaço, Annie sofreria graves lesões cerebrais
permanentes, ou poderia mesmo morrer.
— Annie detestaria isso — sussurrou Tammy para as irmãs, referindo-se às lesões
cerebrais permanentes.
Concordaram com a cirurgia e tanto Sabrina como Tammy assinaram um termo de
responsabilidade. O pai não estava em condições de fazer nada a não ser sentar-se numa
cadeira na sala de espera e chorar pela mulher. As filhas estavam com receio de que ele
sofresse um ataque cardíaco, e Candy teve que sentar-se dizendo que achava que ia
desmaiar. Candy e o pai ficaram sentados ao lado um do outro a chorar e de mãos dadas.
Sabrina e Tammy estavam tão chocadas como eles, mas mantinham-se firmes a falar e a
tomar conta de tudo.
Momentos depois do neurocirurgião ter saído para examinar Annie de novo, o
oftalmologista chegou e explicou-lhes a sua parte nos procedimentos. Tratava-se de uma
cirurgia muitíssimo delicada e foi sincero quando observou os exames. Disse que seria
muito, muito difícil conseguir salvar a visão de Annie, mas achava que valia a pena tentar.
Entre os dois tipos de procedimento, ambos os cirurgiões disseram que a operação
combinada demoraria mais ou menos entre seis a oito horas e avisaram-nas de que havia
uma hipótese muito real da irmã poder não sobreviver. Neste momento, Annie estava
entre a vida e a morte.