Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

No entanto, Sabrina tinha a certeza de que todas iriam aprender, se tivessem a imensa
sorte de ter oportunidade para isso. Também ainda não havia a certeza de que ela viveria.
Contudo, o choque causado pela cegueira de Annie impedia-as de pensar no que iria
acontecer se ela morresse.
O funeral da mãe fora marcado para terça-feira, da parte da tarde, após o fim-de-semana
prolongado. Tammy contactou empresas de fornecimento de comida para servirem a
multidão de gente que viria até casa deles depois das cerimónias. O enterro seria privado
e as duas irmãs mais velhas decidiram que a mãe seria cremada. O pai concordara e a mãe
deixara instruções escritas nesse sentido.
— Annie detesta cães — exclamou Candy, fazendo com que todas se lembrassem desse
facto.
— É verdade. Talvez agora ela tenha de mudar de opinião. Ou não. A decisão é dela.
O pai falou muito pouco, para além de achar que a filha deveria ser examinada por vários
especialistas. Estava convencido de que o médico que a operara era louco e de que o
diagnóstico era completamente errado. Sabrina e Tammy duvidavam de que fosse esse o
caso, uma vez que o Bridgeport Hospital dispunha de uma unidade de traumatologia de
nível superior, do melhor que havia, mas concordaram em pedir ao médico deles que
chamasse mais alguém para dar uma segunda opinião. Todavia, o cirurgião fora categórico
quando falara com elas e estava tão seguro que era difícil acreditar que ele pudesse estar
enganado. Seria óptimo se fosse esse o caso, mas Sabrina achava que o pai apenas não
estava disposto a perder a esperança. Não podia culpá-lo. Tudo o que estava relacionado
com o que viveram nas últimas horas fora muito doloroso para todos eles. E Annie ainda
nem sequer começara a enfrentar aquele desafio, nem o resto da sua vida sem poder ver.
Logo depois, Candy subiu as escadas para tomar duche e o pai foi deitar-se. Não estava
com bom aspecto, exibindo uma cor algo cinzento-esverdeada. E assim que eles subiram,
Sabrina voltou a falar sobre Charlie, o namorado que Annie deixara em Florença. Desta
vez, Tammy concordou que deveriam telefonar-lhe. Se ele ligasse para o telemóvel dela,
poderia ficar preocupado. Desaparecera algures debaixo do camião. Felizmente para elas,
havia um livro de endereços na mala de Annie que estava no seu quarto e o número do
telemóvel de Charlie constava dele. Foi muito fácil encontrá-lo. Sabrina disse que se
encarregaria de lhe telefonar; Chris e Tammy ficaram sentados na cozinha enquanto ela
tratava disso. Charlie atendeu ao segundo toque. Nessa altura, já era hora do jantar em
Florença. Sabrina explicou-lhe quem era e Charlie soube de imediato e riu-se.
— A irmã mais velha vai querer submeter-me a um interrogatório?
Charlie não parecia minimamente assustado nem surpreendido ao ouvir a voz de Sabrina,
nem sequer se mostrava preocupado com isso.
— Não, na verdade não se trata disso — respondeu Sabrina com prudência, não sabendo
ainda como contar-lhe.
Teria sido mais fácil se Charlie se tivesse mostrado algo preocupado com o telefonema e
se tivesse desconfiado de que se passava alguma coisa. Parecia que ele não estava sequer
ralado por ser a irmã de Annie que estava a ligar-lhe, o que pareceu estranho a Sabrina.
— Como foi o Quatro de Julho? A Annie nunca telefonou — disse ele em tom jovial.
— Não... é por isso que eu estou a ligar. Houve um acidente aqui ontem. Não chegámos a
ter festa nenhuma — explicou Sabrina.

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