Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

grave. Annie foi operada à vista a noite passada e essa cirurgia não correu tão bem como a
operação ao cérebro.
Sabrina respirou fundo e rematou, enquanto Tammy e Chris a observavam. Eram capazes
de ver o desagrado e o descontentamento no rosto dela. Sabrina detestava aquele sujeito
e nem sequer o conhecia.
— Charlie, se Annie sobreviver, vai ficar cega. Ela já o está. Não há nada que possa ser
feito para restituir-lhe a visão. Vai ser uma tremenda adaptação para ela e pensei que
você deveria saber para poder apoiá-la.
— Apoiá-la? Como?
A voz de Charlie denunciou o pânico, apesar de saber que os pais dela tinham dinheiro.
Mas talvez eles não quisessem sustentar uma miúda cega e pretendessem impingi-la para
si. Se fosse esse o caso, ligaram para a pessoa errada. De qualquer maneira, Sabrina já
pensava assim com todas as suas forças. Sentiu imensa pena da irmã. Mas também nem
toda a gente era suficientemente felizarda para encontrar um homem como Chris. Este
era uma joia.
— A Annie vai precisar do seu amor e do seu apoio. Esta vai ser uma tremenda mudança
na vida dela, a maior que ela jamais irá enfrentar. Não é justo e é terrível e tudo o que
podemos fazer é ficar ao lado dela para ajudá-la. Se a ama, vai ser muito importante para
ela — rematou Sabrina e depois ouviu-se um longo silêncio do outro lado da linha.
— Espere lá. Não vamos pôr o carro adiante dos bois. Nós só namoramos há seis meses.
Mal a conheço. Passámos bons momentos, partilhamos a mesma paixão pela arte. A
Annie é uma miúda fantástica e eu amo-a, mas está a falar de coisas muito sérias e o
assunto agora muda de figura. A arte agora faz parte do passado dela. A carreira dela
como pintora acabou. Merda, a vida dela pode acabar também. Além do mais, vai ficar
cega para o resto da vida! Que quer que eu faça agora?
Charlie estava a ficar apavorado e Sabrina conseguia pressenti-lo.
— Isso é você quem vai dizer-me — respondeu Sabrina com frieza. — De que forma se vê
a participar na vida dela?
Chris estremeceu quando escutou aquela pergunta e ambos podiam perceber que as
coisas não estavam a correr nada bem. Só de ouvir o fim da conversa dos dois, Tammy
decidiu que Charlie devia ser um imbecil. Chris mostrava-se mais inclinado em dar-lhe o
benefício da dúvida, tal como Sabrina fizera, mas até ao momento não ficara nada bem
impressionado. Sabrina não teve que dizer nada para consolá-lo, o que elucidou Chris de
imediato.
— Como espera que eu vá participar da vida dela? — Perguntou Charlie a Sabrina. — Eu
não sou um cão para cegos, que diabo! Nunca tive uma namorada cega. Não sei como
essas coisas são, nem sei qual é a sensação. Parece-me ser uma tarefa bastante dura. E
porque está a ligar-me com essa conversa? Que quer de mim?
O tom de voz de Charlie passou num ápice de assustado para zangado.
— Nada, na verdade.
Sabrina falou-lhe em tom ríspido, tentando manter a calma. Gostaria de lhe dizer o que
pensava, mas pelo bem de Annie, não se atreveu a fazê-lo. Não queria piorar as coisas,
nem queria afugentar Charlie para sempre. Em todo o caso, parecia que era esse o rumo
que a situação tomaria, mas Sabrina não queria ser a causadora do desaparecimento

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