Danielle Steel - As Irmãs PT

Todas estavam com receio de lhe contar o que acontecera à mãe. Em breve teriam de
fazê-lo. Não era justo que Annie ficasse sem saber por muito mais tempo e,
inevitavelmente, ela iria perguntar onde a mãe estava. Nessa mesma noite tinha sido
difícil arranjar uma explicação. A mãe iria para o hospital num ápice e acamparia à porta
do quarto. A sua ausência era sentida com imenso desgosto por todas e também o seria
por Annie.
— Ela não pode regressar a Florença e Charlie é um imbecil.
— Sim, acho que todos nós concordamos sobre isso.
Charlie fora uma enorme desilusão para todas elas e, acima de tudo, sê-lo-ia também para
Annie. Mas agora ela tinha problemas mais graves para resolver. Ele era apenas mais uma
fonte de desgostos.
— Tens razão, Annie não pode regressar a Florença. Não vejo como ela seria capaz de
sobreviver ali, num apartamento no quinto andar, por mais independente que ela queira
ser. É provável que ela volte para casa, para viver com o pai. Seria uma companhia para
ele.
— E seria demasiado deprimente para ela. Annie sentir-se-ia como uma criança outra vez.
E sem a mãe por perto, ficaria deveras infeliz.
Todas elas sentiam a ausência da mãe naquela casa. Até mesmo nesses dias, desde que
ela morrera, era como se tudo tivesse mudado. E sabiam que o pai também sentia o
mesmo. A empregada viera trabalhar nesse dia e não fez mais nada a não ser chorar. E aos
vinte e seis anos, Annie não iria querer voltar para casa dos pais, não depois de viver
sozinha em Itália há dois anos.
— A Annie pode ficar na minha casa, se ela quiser. Mas acho que ela não conhece
ninguém em LA e sem poder conduzir ou movimentar-se pela cidade, sentir-se-ia
encurralada. Eu estou fora de casa o dia tódo.
Todos sabiam que Tammy trabalhava até muito tarde e Sabrina também, mas pelo menos
estaria em Nova Iorque, que Annie conhecia melhor. Vivera lá por um breve período de
tempo antes de ter ido para Paris quatro anos antes, apesar de ela dizer que era uma
cidade demasiado agitada para o seu gosto. Annie gostara de França e depois gostara mais
ainda de Itália, mas agora isso estava fora de questão. Ela precisava de ficar mais perto de
casa, pelo menos por uns tempos, até se adaptar à sua situação. Nesse ponto estavam
todas de acordo.
— Ela pode ir morar comigo, se quiser — interrompeu Candy, mas depois olhou para as
irmãs com uma expressão de pesar. — No entanto, também eu me ausento com muita
frequência.
— É isso mesmo que eu quero dizer. Todas nós adorávamos que Annie viesse morar
connosco, mas cada uma de nós tem qualquer problema que torna isso muito difícil. Ou,
pelo menos, vocês as duas têm. Eu trabalho muito e não tenho horas para nada, mas
penso que ela era capaz de viver em Nova Iorque.
— E? Qual é a parte deste plano que não estás a contar-nos? — perguntou Tammy ao
bebericar o vinho do pai.
Tammy sabia como funcionava o cérebro de Sabrina. Havia um plano genial ali algures que
ela ainda não lhes expusera.
— E se ela fosse morar com todas nós? — perguntou Sabrina com um sorriso.