CAPÍTULO 10
As raparigas passaram a tarde de quinta-feira e a manhã de sexta-feira no hospital com
Annie. Ela estava a ficar impaciente e inquieta e a cabeça ainda lhe doía, o que não era
nada de admirar. Um fisioterapeuta viera trabalhar com ela e Annie foi-se abaixo e chorou
por várias vezes por causa da mãe. Ainda não conseguia acreditar no que acontecera e as
irmãs também não. Contudo, as preocupações delas recaíam agora sobre Annie. Dentro
de alguns dias, ela saberia que ficara cega. Estava previsto que lhe tirariam as ligaduras no
sábado. E as três irmãs sentiram-se mal, pensando no impacto que isso iria causar em
Annie. A realidade vinha na sua direcção para atingi-la a uma velocidade de relâmpago.
O pai fora vê-la na quinta-feira à noite e voltou outra vez na sexta-feira de manhã quando
as irmãs lá estavam também. Annie agradeceu-lhe pelas joias da mãe, ainda não as vira,
mas lembrava-se das peças que as irmãs lhe descreveram e gostava de todas. Estava feliz
com as escolhas que elas fizeram em seu lugar e sempre adorara o casaco de pele de
raposa da mãe. Annie disse que seria divertido usá-lo em Florença, uma vez que os
Invernos de lá são muito frios e as mulheres italianas costumavam usar muito casacos de
peles. Parecia que ainda ninguém se incomodava muito com isso por aquelas bandas.
Disse que se sentiria nervosa por usá-lo nos Estados Unidos.
Annie também estava ansiosa por saber quando poderia regressar a Itália e estava
preocupada porque ainda não tivera notícias de Charlie. Pedira várias vezes às irmãs que
lhe fizessem uma chamada em seu lugar. Ligara-lhe para o telemóvel, mas as chamadas
iam sempre parar à caixa de correio. Annie partiu do princípio de que ele ainda estaria em
Pompeia com os amigos e talvez a cobertura de rede ali fosse deficiente. Não queria
deixar-lhe uma mensagem dizendo que a mãe morrera e que ela também estivera
envolvida no acidente para não o preocupar, mas era aborrecido não ter notícias dele há
tanto tempo. Só se passara uma semana, mas muita coisa acontecera desde então. Mais
do que ela própria conseguiria imaginar, uma vez que ainda não tinha conhecimento do
seu estado. Como é óbvio, Sabrina nunca lhe disse que falara com Charlie, e as irmãs
ficaram em silêncio quando Annie se referiu a ele em termos tão ardentes e apaixonados.
Sabrina mal se conteve para não falar mal dele, mas nenhuma delas contou nada a Annie.
Annie passou o dia inteiro rodeada pelas irmãs. A agência de Candy telefonara-lhe por
causa de uma sessão fotográfica em Paris, mas ela recusou. Por agora iria continuar em
casa. Não estava com disposição para trabalhar e o mesmo acontecia com todas as outras.
Sabrina ainda tinha mais uma semana de licença na semana seguinte, depois de ter
alterado as suas férias, e Tammy regressaria a LA na segunda-feira. Detestava ter de se ir
embora, mas não tinha outra escolha. O seu escritório estava de pantanas e ainda
precisavam de arranjar uma substituta para a estrela da série e alterar os guiões assim
que a encontrassem. Iria ser um problema bicudo para resolver, mas Tammy não estava
com disposição para pensar nisso agora. Só conseguia pensar na mãe e em Annie. Ia ser
muito duro ficar tão longe e deixar toda a responsabilidade nos ombros de Candy e de
Sabrina. E ela também queria estar por perto para ajudar Annie e o pai. Annie já sabia que
teria de passar pelo menos duas semanas em casa do pai a convalescer. Os médicos
contaram-lhe que precisava de ficar por perto até ao final do mês, se tudo corresse bem.
Achavam que Annie poderia sair do hospital dentro de uma semana. Mas ela não fazia