para ser verdade.
— Espera primeiro para veres a casa, antes de ficares demasiado entusiasmada —
alertou-a Tammy. — Devo ter visto umas quarenta casas antes de encontrar a minha. Não
te passa pela cabeça como as casas de algumas pessoas podem ser horrorosas, nem as
condições em que elas se mostram dispostas a viver. O Buraco Negro de Calcutá era um
palacete comparado com algumas das barracas que eu vi. Tive mesmo muita sorte em
descobrir a minha casa.
Tammy adorava a sua casa, decorara-a com extremo bom gosto e mantinha-a num estado
imaculado, para si e para Juanita. Tinha muito mais espaço do que precisava, uma linda
vista e lareiras em todas as divisões. Comprara algumas bonitas peças de antiquário e
belíssimas obras de arte e, apesar da casa ainda não estar terminada, era sempre um
prazer chegar a casa à noite, mesmo se estivesse sozinha. À semelhança de Candy, o seu
salário permitia-lhe morar num lugar fantástico e comprar coisas bonitas. Sabrina vivia
com um orçamento mais apertado do que as suas irmãs. E Annie vivia quase sempre sem
dinheiro, poupava muito, em consideração para com os seus pais, uma vez que quase não
dispunha de nenhum rendimento, a não ser quando vendia alguma tela esporádica. Annie
tinha gostos e necessidades simples. E nenhuma das irmãs era capaz de imaginar Annie a
ganhar algum dinheiro agora que estava cega. Não sabia fazer mais nada a não ser o seu
jeito para a arte. Pintar não fora um passatempo para ela, fora sim a sua vida. Poderia
ensinar história de arte, devido à sua licenciatura, mas Sabrina não lhe parecia que os
professores cegos tivessem muita procura. Não sabia mesmo. Este era um mundo
completamente novo para si e também o seria para Annie. Para além dos aspectos físicos,
a depressão constituía agora o seu maior receio pela irmã e também lhe parecia
demasiado real. Não poderia imaginar a situação como sendo diferente.
As três raparigas acharam que a casa geminada parecia ser uma boa possibilidade e até
mesmo Chris se mostrou entusiasmado. Nunca gostara muito do apartamento de Sabrina
— ela alugara-o porque assim estava perto da casa dele e também porque o prédio era
asseado e a renda era barata. Todavia, era totalmente desprovido de charme. A casa
geminada parecia-lhe ser muito mais interessante, ainda que algo impraticável e um
pouco inusitada.
— A Annie deverá ser capaz de dar conta das escadas assim que se acostumar com elas.
Acho que há coisas que se podem fazer para facilitar a deslocação das pessoas invisuais. É
muito provável que haja uma série de truques que todos podemos aprender para ajudá-la.
Tudo aquilo era novidade para elas e Sabrina achou que Chris era amoroso em dizê-lo.
Sabrina falou no assunto da casa ao pai nessa noite, e ele achou que o que elas estavam a
tencionar fazer por Annie era maravilhoso. Ficaria muito menos preocupado com a filha se
soubesse que ela estava a morar com duas das suas irmãs, em especial com Sabrina, uma
vez que esta era muitíssimo mais responsável do que Candy e quase catorze anos mais
velha. Candy ainda era uma criança em muitos aspectos e ainda não crescera por
completo. Sabrina era uma pessoa em quem todos eles podiam confiar e Tammy também.
Infelizmente, não iria estar por perto, mas prometeu que tentaria ir visitá-las com
frequência. Com um quarto a mais em casa, caso decidissem ficar com ela, Tammy tinha
essa opção.
No dia seguinte, as três irmãs dirigiram-se para o hospital às dez horas da manhã, com um
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1