19.
Fazendo alguma coisa
1969
Na manhã depois de ler o segundo parecer do laboratório, oito dias após
encontrar o corpo de Chase Andrews no pântano, o delegado Purdue empurrou
com o pé a porta do escritório do xerife para abri-la e entrou. Trazia dois copos
de papel com café e um saco de donuts quentinhos, recém-saídos da fritadeira.
— Ai, nossa, o cheiro da Parker’s — comentou Ed enquanto Joe colocava a
comida em cima da mesa.
Cada um pegou do saco de papel pardo um donut imenso encharcado de óleo.
Estalaram os lábios bem alto e lamberam o açúcar dos dedos.
Falando um por cima do outro, ambos anunciaram ao mesmo tempo:
— Bom, encontrei uma coisa.
— Pode falar — disse Ed.
— Eu soube de várias fontes que Chase andava fazendo alguma coisa lá no
brejo.
— Fazendo alguma coisa? Como assim?
— Não tenho certeza, mas segundo uns caras na Dog-Gone há uns quatro
anos ele passou a ir ao brejo com frequência, sozinho, e fazia segredo disso.
Continuava indo pescar ou passear de barco com os amigos, mas saía muito
sozinho. Eu estava pensando que talvez ele tenha se envolvido com alguns
maconheiros ou coisa pior. Que talvez tenha se metido com algum traficante
perigoso. Quem dorme com cachorros acorda com pulga. Ou, nesse caso, nem
acorda.
— Não sei. Ele era atleta... Difícil imaginar um cara desses metido com drogas
— falou o xerife.
— Ex-atleta. E, de toda forma, muitos atletas se metem com drogas. Quando
os dias grandiosos de herói acabam, eles precisam procurar emoção em outro
lugar. Ou quem sabe ele tinha uma mulher por lá.
— Mas não conheço nenhuma mulher que fizesse o tipo dele. Chase só
frequentava a elite de Barkley, por assim dizer. Não se metia com lixo.
— Bom, talvez ele tenha sido discreto exatamente por achar que estava se
rebaixando.