Um lugar bem longe daqui

(Carla ScalaEjcveS) #1

Provavelmente ninguém sabe. Ele era muito sorrateiro em relação a esse assunto.
Como já falei, levou meses para me contar. Aí, depois que contou, eu nunca sabia
se ele saía de lancha com os amigos ou com ela.
— Bom, vamos averiguar. Isso eu prometo.
— Obrigada. Tenho certeza de que é uma pista.
Ela se levantou para ir embora e Ed abriu a porta.
— Volte sempre que quiser conversar, Patti Love.
— Tchau, Ed. Tchau, Joe.


*


Depois de fechar a porta, Ed se sentou de novo, e Joe perguntou:
— Então, o que você acha?
— Se alguém pegou o colar do Chase lá na torre, pelo menos isso colocaria a
pessoa na cena do crime, e eu consigo imaginar alguém do brejo metido nessa
história. Aquela gente tem as próprias leis. Só não sei se uma mulher conseguiria
empurrar um cara grande como o Chase por aquele buraco.
— Ela pode ter atraído Chase até lá em cima, aberto a grade antes de ele
chegar, e então, quando ele foi na direção dela no escuro, pode ter empurrado ele
antes mesmo que ele a visse — disse Joe.
— Parece possível. Não fácil, mas possível. Não é lá uma grande pista. A
ausência de um colar de concha — falou o xerife.
— Por enquanto é nossa única pista. Tirando a ausência de digitais e alguns fios
vermelhos misteriosos.
— Pois é.
— Mas o que eu não consigo entender é por que ela se deu o trabalho de tirar
o colar do pescoço dele — falou Joe. — Tudo bem que na condição de mulher
desprezada ela estava decidida a matar. Até isso é um motivo exagerado, mas por
que pegar o colar se isso poderia ligá-la diretamente ao crime?
— Você sabe como as coisas são. Parece que em todo assassinato tem algo que
não faz sentido. As pessoas se enrolam. Talvez ela tenha ficado em choque e
furiosa por ele ainda usar o colar, e na hora não tenha parecido nada demais tirar
do pescoço dele. Ela não tinha como saber que alguém ia perceber o vínculo
entre o colar e ela. Segundo as suas fontes, o Chase andava fazendo alguma coisa
lá no brejo. Talvez não tenha nada a ver com drogas, como você disse antes, mas
com uma mulher. Com essa mulher.
— Outro tipo de droga — comentou Joe.
— E o pessoal do brejo sabe disfarçar pegadas porque eles vivem de armar
arapucas, rastrear animais, montar armadilhas e coisas assim. Bom, mal não vai
fazer ir até lá conversar com ela. Perguntar onde ela estava naquela noite.
Podemos perguntar sobre o colar e ver se ela se abala um pouco.
— Você sabe chegar na casa dela? — perguntou Joe.
— De barco não tenho certeza, mas acho que com a picape eu consigo. Tem
que pegar aquela estradinha bem sinuosa que passa por várias lagoas. Um tempo

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