Um lugar bem longe daqui

(Carla ScalaEjcveS) #1

em preto e branco presa à mesa por uma corrente e um cadeado bizarramente
grandes. As colchas da cama eram verde-limão; o tapete, felpudo e laranja. Kya
recordou todos os lugares em que eles tinham se deitado juntos: a areia cristalina
junto a piscinas de água do mar, barcos à deriva sob o luar. Ali, a cama se
destacava como peça central, mas o quarto não tinha uma aparência romântica.
Consciente do que aquilo significava, ela ficou parada junto à porta.
— Não é grande coisa — disse ele, pondo a mala em cima da cadeira. Então
foi na sua direção. — Está na hora, Kya, você não concorda? Está na hora.
É claro que aquele era o plano dele. Mas ela estava pronta. Já fazia meses que
seu corpo queria, e depois da conversa sobre casamento sua mente cedeu. Ela
assentiu.
Ele se aproximou devagar e desabotoou sua blusa, então a virou delicadamente
e abriu seu sutiã. Passou os dedos pelos seios. O calor da excitação desceu dos seus
seios até as coxas. Assim que ele a deitou na cama sob a luz vermelha e verde dos
néons que entrava pelas cortinas finas, ela fechou os olhos. Antes, em todas
aquelas “quase vezes”, quando ela o havia impedido, os dedos curiosos dele
tinham adquirido um toque mágico, despertando partes dela e fazendo seu corpo
se arquear na direção dele, desejar e querer. Mas agora que a permissão fora enfim
concedida ele foi tomado pela urgência, e pareceu ignorar as necessidades dela e
forçar. Ela gritou ao sentir algo se rasgar, pensando que havia algo errado.
— Está tudo bem. Vai melhorar agora — disse ele cheio de autoridade.
Só que não melhorou muito, e pouco depois ele desabou ao seu lado,
sorrindo.
Quando Chase pegou no sono, ela ficou olhando as luzes piscarem na placa de
Temos Vagas.


*


Várias semanas mais tarde, após terminarem o café da manhã de ovos fritos e
mingau com presunto no barracão de Kya, ela e Chase estavam sentados à mesa
da cozinha. Ela estava toda enrolada num cobertor depois de eles terem transado,
o que havia melhorado só um pouco depois da primeira tentativa no hotel.
Nenhuma das vezes a deixara satisfeita, mas ela não fazia a menor ideia de como
abordar um assunto desses. De toda forma, nem sequer sabia como deveria se
sentir. Talvez aquilo fosse normal.
Chase se levantou da mesa, ergueu o queixo dela com os dedos, beijou-a e
disse:
— Bom, não vou vir muito nos próximos dias, com o Natal chegando e tudo
o mais. Tenho vários eventos e tal, e uns parentes vindo.
Kya o encarou e disse:
— Eu estava esperando que talvez... você sabe, talvez eu pudesse ir a algumas
festas e tal. Pelo menos quem sabe o jantar de Natal com a sua família.
Chase tornou a se sentar na cadeira.
— Kya, olha, eu estava mesmo querendo falar com você disso. Quero te

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