— Oi, Chase.
Ouviu-o dizer:
— Kya, você se lembra do Brian, do Tim, da Pearl e da Tina. — Ele ainda
disse mais alguns nomes até sua voz sumir. Virando-se para ela, acrescentou: — E
esta é Kya Clark.
É claro que ela não se lembrava; nunca fora apresentada a eles. Só os conhecia
como Louraaltaemagra e os outros. Sentiu-se uma alga marinha arrastada por uma
linha de pesca, mas conseguiu sorrir e dizer oi. Aquela era a oportunidade pela
qual vinha esperando. Ali estava Chase, entre os amigos aos quais ela queria se
juntar. Sua mente se esforçou para encontrar palavras, algo inteligente para dizer
que pudesse interessar a eles. Por fim, dois deles a cumprimentaram com frieza e
se viraram para ir embora, e os outros logo fizeram o mesmo, como um cardume
de peixes miúdos escapulindo pela rua.
— Bom, então é isso — disse Chase.
— Não quero interromper nada. Só vim fazer compras, vou voltar para casa
logo.
— Você não está interrompendo. Eu só esbarrei com eles. Apareço no
domingo, como eu falei.
Chase trocou o peso do corpo de uma perna para outra e tocou o colar de
concha.
— A gente se vê, então — disse ela, mas ele já tinha se virado para alcançar os
outros.
Ela seguiu apressada até o mercado, passou por uma família de patos que
passeava pela Main Street com penas brilhantes surpreendentemente laranja em
contraste com a calçada sem graça. No Piggly Wiggly, afastando da mente a visão
de Chase com a garota, foi até o fim do corredor de pães e viu a fiscal de evasão
escolar, a Sra. Culpepper, a menos de um metro e meio. As duas ficaram ali feito
um coelho e um coiote separados pela cerca de um quintal. Kya agora era mais
alta do que a mulher e muito mais instruída, embora nenhuma das duas pudesse
ter pensado nisso. Depois de tanto fugir, ela quis sair correndo, mas se manteve
firme e sustentou o olhar da Sra. Culpepper. A mulher fez um aceno discreto
com a cabeça, então seguiu seu caminho.
Kya descobriu que as coisas para o piquenique — queijo, brioches e
ingredientes para o bolo — custavam todo o dinheiro que ela conseguira poupar
para a ocasião. Mas foi como se a mão de outra pessoa pegasse as coisas e as
colocasse no carrinho. Tudo que ela conseguia ver era o braço de Chase em volta
dos ombros da moça. Comprou um jornal da cidade porque a manchete falava de
um laboratório marinho que seria inaugurado no litoral ali perto.
Uma vez fora da loja, com a cabeça baixa, ela seguiu depressa até o cais feito
um furão larápio. De volta ao barracão, sentou-se à mesa da cozinha para ler a
matéria sobre o laboratório novo. Sim, um estabelecimento científico estava
sendo construído a pouco mais de trinta quilômetros de Barkley Cove, perto de
Sea Oaks. Os cientistas estudariam a ecologia do brejo, que de uma forma ou de
outra contribuía para a sobrevivência de quase metade da vida marinha, e...
Kya virou a página para continuar lendo a matéria e se deparou com uma foto
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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