Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

Como um supervisor administrativo. Reacher observou-lhe os olhos. Parecia
estar a seguir a sugestão da lista de verificação. Um item de cada vez. Olhos,
nariz, maçãs do rosto, boca, queixo. Cada passo era uma decisão independente,
sim ou não. A maioria dos candidatos ficava pelo caminho cedo. O monte dos
rejeitados foi crescendo. Caras gordas, caras redondas, olhos escuros, lábios
cheios. Na primeira pilha, ninguém conseguiu sobreviver. Nem sequer como
uma possibilidade.
Neagley empurrou a segunda pilha. Piscou o olho a Reacher ao cruzar o
olhar com o dele. E ele assentiu. O expatriado de Hamburgo era o primeiro da
pilha. O tipo da contracultura, com a guedelha toda espetada. Klopp rejeitou-o
de imediato. E Reacher percebeu porquê. Não tinha maçãs do rosto e tinha uns
lábios carnudos, que pareciam fazer beicinho, em vez de um corte fino e
taciturno.
O monte dos rejeitados foi aumentando.
Não havia monte com possíveis candidatos.
Neagley empurrou a terceira pilha. E Klopp lançou-se ao trabalho. A
tradutora estava sentada, calada. Griezman saiu da sala e regressou, sendo que,
passado um minuto, apareceu um homem com uma cafeteira e cinco chávenas.
Klopp não fez nenhuma pausa. Foi tirando fotografias da pilha de Neagley, uma
de cada vez, com o polegar e o indicador esquerdos, aproximando-as de si e
olhando para elas, para depois as deixar cair com força em cima da mesa, uma
atrás da outra.
O monte dos rejeitados continuou a aumentar.
Ainda não havia monte com possíveis candidatos.
Klopp disse qualquer coisa em alemão e a tradutora explicou:
— Ele pede desculpa por não estar a ajudar mais.
E Reacher retorquiu:
— Pergunte-lhe se tem a certeza dos que rejeitou.
Ela assim fez e disse:
— Cem por cento.
— É impressionante.

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