Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

para acolá. Griezman enfiou a cabeça dentro do carro para ver melhor. E depois
recuou, ponderosamente, dizendo:
— Achamos que há uma impressão digital parcial de um polegar esquerdo no
botão do fecho do cinto de segurança. Mas é uma coisa ínfima, porque o botão
tem arestas. E, por uma razão ou outra, está esborratada. Possivelmente,
acontece a mesma coisa na lingueta do cinto, mas a superfície é para esquecer.
Plástico duro, com umas borbulhinhas para poder ser agarrado. Uma norma, sem
dúvida. Devíamos falar com o departamento responsável. Não nos estão a ajudar.
Reacher perguntou:
— Que tipo de carro é este?
E Griezman respondeu:
— Um Audi.
— Então a Audi já vos ajudou. Um amigo meu teve o mesmo problema.
Mais ou menos há um ano. Em Fort Hood, que é mais ou menos do mesmo
tamanho de Hamburgo. Nos aposentos fora da base para os militares casados.
Era um Jaguar e não um Audi, mas são ambas marcas de topo. Põem cromado
nas alavancas dos fechos das portas. Dá um ar caro, a sensação é ótima e aquilo
brilha no escuro para o podermos encontrar. E tudo isso contribui para melhorar
aquilo a que eles chamam a experiência do utilizador. O passageiro enfia o dedo
e puxa. Não é o mindinho, porque a pessoa julga que é demasiado fraco, nem o
anular, porque a pessoa julga que é demasiado desajeitado, nem o indicador,
porque iria ter de rodar o pulso mais uns vinte cinco por cento, o que já raia o
desconfortável. É sempre o dedo médio. Por isso, precisam de desmontar a porta
e ver que impressões digitais encontram na parte de trás do fecho. Era o que o
meu amigo diria.
O da bata disse qualquer coisa a Griezman. Palavras desconhecidas, mas
num tom de indignação. Obviamente, era capaz de acompanhar uma conversa
em inglês. E Griezman disse:
— Isso já ia ser o nosso passo seguinte. E o seu amigo conseguiu uma
condenação?
— Não — respondeu Reacher. — A cadeia de provas foi quebrada.

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