Conseguiu provar que o homem tinha a impressão digital no fecho, mas não
conseguiu provar que era o fecho do carro da ex-mulher. O advogado de defesa
alegou que podia ser de outro sítio qualquer.
— E o que é que ele devia ter feito?
— Antes de começar, devia ter gravado as iniciais na parte da frente do
fecho. Enquanto ainda não o tinham arrancado da porta. Com uma broca de
dentista. E devia ter mandado tirarem-lhe fotografias a fazer isso. Planos gerais,
para apanhar o carro, e depois grandes planos.
Griezman falou em alemão, uma longa lista de ordens. Reacher percebeu a
palavra Zahnarzt, que sabia querer dizer dentista por ter tido uma dor de dentes
em Frankfurt. O da bata branca ouviu e assentiu.
Ao regressarem à sala de entrevistas, Klopp estava prestes a ir-se embora. O
desenhador deu-lhes uma cópia de um retrato feito com lápis de cor. Griezman
informou-os de que enviaria uma cópia adicional por faxe para McLean, na
Virgínia, e que, a seguir, guardaria o original no processo.
Reacher e Neagley levaram a cópia que lhes coube para junto da porta, onde
a rede de arame deixava entrar alguma luz natural. O americano era exatamente
igual à descrição de Klopp. O desenhador tinha captado as palavras dele
muitíssimo bem. A onda de cabelo loiro. E, logo abaixo, a pele toda esticada da
testa sem rugas. A testa e as maçãs do rosto, horizontais, paralelas e juntas, como
duas barras de um capacete de futebol americano à moda antiga, com os olhos a
brilhar desde lá muito atrás. A boca, como um rasgão. Mais duas linhas verticais,
o nariz como uma lâmina e um vinco na face direita, como se o máximo que a
boca se movesse fosse para formar um sorriso torto e sardónico. O tipo estava
desenhado com um blusão igual ao de Reacher. De ganga e claro,
completamente autêntico em todos os aspetos. E, por baixo, tinha uma t-shirt
branca. As clavículas sobressaíam, tal como as maçãs do rosto. Os tendões do
pescoço eram bem visíveis. Um homem de aspeto duro e que já não era novo.
— Tropa? — perguntou Neagley.