Escola da Noite

estavam a servir chá. O novo mensageiro tinha sido conduzido à sala pequena e
quente. Era uma mulher. De vinte e quatro anos, com cabelos pretos compridos e
pele da cor do chá. Trazia uma camisa de explorador branca, cheia de presilhas e
de bolsos, calças de caqui e botas do deserto. Estava em sentido defronte dos
dois homens, que se encontravam sentados nas almofadas.
O alto disse:
— O assunto não é especialmente importante, mas é necessário agir
depressa. Por isso, vais apanhar um avião diretamente de Karachi. Não são
necessárias cautelas. Até ao momento, ninguém te viu. Vais encontrar-te com um
americano e vais dizer-lhe que aceitamos o preço dele. Repito, aceitamos o preço
dele. Entendes?
— Sim, senhor — respondeu a mulher.
O gordo acrescentou:
— O americano não vai referir o preço nem tu vais perguntar. Tem de
permanecer um segredo. Porque ele tem vergonha de o termos conseguido vergar
tão baixo e, pela nossa parte, não queremos que os outros julguem que estamos
falidos e que só podemos pagar isso.
A mulher inclinou a cabeça.
— E quando devo partir? — perguntou.
— Imediatamente — respondeu o alto. — Conduz a noite inteira. Apanha o
avião da manhã.