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Reacher e Neagley desviaram-se dos peões no passeio e dos carros na
estrada, dirigindo-se, na diagonal, para o segundo café, do outro lado da rua.
Pela janela, viram o ar surpreendido dos dois homens, que se endireitaram nas
cadeiras. Demasiado tarde. Estavam sentados ao lado um do outro, no canto
mais afastado de uma mesa para quatro, onde o ângulo de visão era bom.
Sobravam assim duas cadeiras desocupadas entre eles e o resto do café. Neagley
foi a primeira a entrar, sentando-se numa das cadeiras. Reacher entrou a seguir e
sentou-se na outra. O que significava que os dois homens estavam encurralados.
Tudo muito tranquilo, cortês e civilizado, mas não tinham por onde escapar. A
não ser que Reacher e Neagley se levantassem para os deixar passar. O que não
estava nos planos futuros deles.
Reacher disse:
— Prestem atenção, rapazes, porque só vou dizer isto uma única vez. Temos
uma oferta especial irrepetível. Se pudermos, vamos ajudá-los. Penas mínimas,
se nos contarem tudinho. A não ser que seja aquela coisa em que estamos
interessados. Mas não me parece que seja. Acho que vocês não são os tipos
certos para isso.
— Desapareçam — atirou o da esquerda.
Estava mais perto dos quarenta do que dos trinta, com o cabelo curto preto a
caminho do grisalho e uma cara que mais parecia um bloco, pastosa como um
pão por cozer. Tinha olhos escuros e calos nas mãos. O sotaque era do Arkansas,
do Tennessee ou talvez do Mississípi.