Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— E como escolheste o teu nome?
— Foi igual — respondeu ele. — Gostei da sonoridade.
— Ai sim? Então di-lo lá para eu ouvir.
O homem não respondeu.
— Di-lo lá para eu ouvir — repetiu Reacher. — Deixa lá ver como soa bem.
Nenhuma resposta.
— Di-lo lá para eu ouvir.
Nada.
Reacher enganchou os polegares por baixo do rebordo do tampo e segurou a
mesa com toda a força. Inclinou-se para a frente. E insistiu:
— Diz o teu nome para eu ouvir.
O homem não foi capaz.
Reacher disse:
— Portanto, temos um tipo que não se consegue lembrar de que a Alemanha
tem Estados e outro que nem sequer se consegue lembrar do próprio nome. Não
se estão a sair lá grande coisa a tentar convencer-me.
Estava a agarrar a mesa e a inclinar-se para a frente não por uma questão de
efeito dramático mas para estar preparado para o que vinha a seguir. E que veio
naquele preciso instante. O da direita empurrou a mesa com força, à procura de a
espetar na barriga de Reacher, como um soco, ou mesmo de o fazer cair para trás
na cadeira, mas Reacher estava preparado e ripostou com um empurrão dez
vezes mais forte, enfiando o rebordo de madeira na pança do tipo. Um golpe
satisfatório, mas a deslocação da mobília deu ao da esquerda uma aberta para se
levantar, o que fez, escapulindo-se depois por trás de Reacher, que ainda estava
sentado, e apressando-se para a porta da rua. Só que, por essa altura, Neagley
também já estava em pé e a avançar para a esquerda, com o ombro para a frente,
a aproximar-se dele, e, a seguir, a rodar violentamente e a aplicar-lhe uma direita
em arco no peito, em cheio no plexo solar, o que o fez parar, em pânico e
ofegante, como se tivesse engolido uma vara elétrica para gado. O que deu a
Neagley tempo mais do que suficiente para se decidir pelo passo seguinte. Que
foi espetar-lhe o joelho esquerdo na virilha, e depois o direito na cara, e o

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