Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

homem caiu desamparado diante dela.
Reacher manteve o outro preso atrás da mesa. E disse:
— Estás a ver o que eu dizia? Agora tenho de limpar aquilo.
Virou a cabeça e viu uma velha ao balcão a preparar-se para gritar, desmaiar
ou agarrar o telefone. Gritou-lhe «Sexueller Angriff», que sabia, por ter levado
um prisioneiro a um tribunal civil em Frankfurt, querer dizer agressão sexual.
Apontou para si próprio e acrescentou «Militärpolizei», que sabia querer dizer
polícia militar. A mulher acalmou-se um bocadinho. As forças da ordem tinham
a situação sob controlo. E, na verdade, não se tinha partido nada. O homem caíra
sem acertar em nada. Neagley era uma adepta da precisão. Havia sangue no
chão, mas não muito. Nada que um minuto com uma esfregona não resolvesse.
No fundo, se não há dano, não há problema.
Reacher disse a Neagley:
— Pede para usar o telefone dela. Liga para Estugarda e descobre quem
conhecemos que possa chegar cá ainda hoje.
— Por causa destes gajos?
— O ruído de fundo está a começar. Vamos precisar de quem nos trate do
lixo.
— Mas sem ser através da Sinclair?
— Isto é um assunto militar. É melhor não a chatearmos com os pormenores.
Neagley sabia tanto alemão como Reacher e, por isso, imitou, com as
sobrancelhas arqueadas e o polegar e o mindinho da mão direita, o gesto
universal de falar ao telefone, com a velhota a acorrer à outra ponta do balcão e a
regressar com um velho aparelho preto ligado a um fio. Neagley marcou o
número, esperou e começou a falar.
Reacher voltou-se de novo para o homem preso à mesa. Estava pálido. Tinha
cabelo curto um pouco mais crescido à frente e buracos antigos de acne nas
bochechas. Ia olhando alternadamente para Reacher e para o amigo deitado no
chão. Para um lado e para o outro, como um metrónomo. Pânico estampado nos
olhos.
Reacher disse:

Free download pdf