Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

é esse. Voltamos sempre ao mesmo. Preso por ter cão e preso por não ter. Não há
meio-termo. Hoje em dia, está tudo desvalorizado. Há demasiada tralha velha e
barata a sair da Rússia e da China e demasiada tralha nova e barata à venda à
mesma. Os fabricantes de armas têm andado numa roda-viva desde que o Muro
caiu. Estão preocupados. Estão a sentir o aperto. Todos os meses, há uma feira
de armas algures. Se tivermos o livro de cheques certo, conseguimos arranjar
tudo o que quisermos. Exceto armas nucleares. O que acaba por me dar razão.
Não há meio-termo. Para se chegar aos cem milhões, teríamos de estar a falar do
nuclear.
— Não digam essa palavra em voz alta.
— Temos de o fazer, minha senhora. Nem que seja para descartar isso
imediatamente. Na América, temos bombas em bases aéreas, mísseis em silos e
submarinos debaixo do mar. Tudo extremamente bem guardado e repararíamos
se uma dessas coisas desaparecesse. Atualmente, o artigo portátil mais pequeno
e acessível no nosso inventário deverá ser um Minuteman ICBM, e seria mil
vezes mais fácil vender e entregar a ponte de Brooklyn. Além disso, não há
nenhuma pessoa que conheça os códigos de ativação completos. Os
regulamentos obrigam a que os códigos de ativação sejam sempre divididos por
duas pessoas. É uma salvaguarda nuclear básica.
— Portanto, na vossa opinião, não se trata de nada militar?
— A não ser que sejam informações secretas.
— E que tipo de informações secretas valeriam cem milhões de dólares?
— Também não sabemos isso.
— Então devíamos fazer um levantamento do nosso inventário físico?
— Isso demoraria uma eternidade. E posso já dizer-lhe ao certo quais seriam
as conclusões. Temos um milhão de coisas pequenas desaparecidas, mas
nenhuma coisa grande.
— E como é que sabe?
— Eu teria ouvido dizer.
— Não há coscuvilhice mais eficaz — atirou Reacher. — Ainda há pouco me
disseram isso.

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