Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

Fez-se silêncio sobre a mesa.
— Devíamos vigiar a casa segura — insistiu Reacher.
— Precisaríamos de uma equipa clandestina — retorquiu Sinclair. — Não
temos nenhuma em Hamburgo. E seria difícil estar a justificar trazer uma.
Apostar em possibilidades de um em dez não faz parte das nossas políticas.
— Nem andar num caos constante, a tentar perceber o que se passa.
— O Griezman podia tratar-nos disso — sugeriu Neagley. — Os tipos dele
eram bastante bons. Ontem à noite, seguiram-nos até ao restaurante. E ele avisou
Estugarda acerca de nós.
Reacher tirou o retrato-robô do bolso. O americano. O sobrolho, as maçãs do
rosto, os olhos encovados. O cabelo que se podia mexer de um lado para o outro.
Reconhecível. Os tipos de Griezman podiam ficar à coca dele, em carros
estacionados estrategicamente. Com rádios. Dia sim, dia sim. Talvez tivessem
êxito. Disse:
— Isso implicaria um grande compromisso. Imensas horas. Teríamos de
trocar favores.
— E o que lhe poderíamos oferecer? — perguntou Sinclair.
— Uma prostituta foi estrangulada. E ele tem uma impressão digital. Quer
que a verifiquemos nos nossos sistemas.
— Não podemos fazer isso.
— Foi o que eu lhe disse.
— Mais alguma coisa?
— Que me lembre, não. Comida, possivelmente. Ele ocupa muito espaço.
Instalou-se novo silêncio. Sinclair baixou-se e pôs-se a vasculhar na mala,
tirando de lá uma carteira. Era uma coisa fina de couro, azul, com uma presilha e
uma mola. Pegou na carta de condução, que estava em cima da mesa, ao lado da
chávena, abriu a carteira e preparou-se para enfiar o documento na ranhura
habitual.
E depois parou.
— Tenho aqui a minha carta. Estou a olhar para ela — afirmou.
Fez das pontas dos dedos pinças e puxou-a de trás de um compartimento de

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