Sinclair ficou calada durante bastante tempo, antes de dizer:
— Não vou fazer nenhum comentário acerca disso. Mas é óbvio que não o
poderíamos reconhecer. Se uma coisa dessas tivesse acontecido. E não estou a
dizer que seja ou não esse o caso.
— E não vai reagir? — perguntou Reacher.
— Isso seria um duplo bluff complexo, não acha?
— Podia falar com o Griezman. E levá-lo a fazer bluff. Ele vai mostrar-se
todo prestável consigo, mas, nas suas costas, vai enterrar a coisa, para poder ser
visto pelo próprio governo como um tipo de confiança. O que só o iria ajudar.
Até é capaz de considerar isso um favor. Até é capaz de vigiar a casa segura em
troca.
— Seria mais simples para ele insistir que verifiquemos a impressão digital.
— Coisa que ele deveria sempre fazer. Mataram uma mulher. É a decisão
correta a tomar.
— É essa a opinião de quem está de fora?
— Devia ser essa a opinião de toda a gente.
Sinclair não respondeu.
E Reacher continuou:
— Podíamos tratar disso à porta fechada. E, se não desse em nada, podíamos
dizer-lhe. E se desse, podíamos inventar qualquer coisa pelo caminho.
— E quais são as probabilidades?
— Os soldados recorrem a prostitutas, mas, por norma, não as matam. E ela
era cara, tendo em conta o bairro. O que torna a coisa ainda menos provável.
— Não — retorquiu Sinclair. — É uma caixa de Pandora. O risco,
politicamente, é demasiado grande.
Nesse momento, a nova mensageira estava na fila da imigração, no aeroporto
de Hamburgo. Havia quatro cabinas a funcionar, duas destinadas em exclusivo a
passaportes da União Europeia e outras tantas para os restantes. O dela era
paquistanês. Era a quinta da fila. Não estava nervosa. Não havia razão para tal.