Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

qualidade. Custava cerca de quatro vezes mais do que ele estava habituado a
pagar. Mas servia-lhe. Em regra, os alemães eram altos. Não tão altos como os
holandeses, que eram os campeões mundiais, mas mais altos do que os
americanos, de uma forma geral.
Mudou de roupa no cubículo da loja e deitou as coisas velhas no lixo. Tal
como Neagley tinha dito. Um milhão de coisas pequenas desaparecidas. Uma
camisola interior castanho-clara, ali mesmo, distribuída em tempos, mas nunca
devolvida nem declarada desaparecida ou destruída, e, por conseguinte, naquele
momento, subtraída repentinamente de um inventário que, devido a isso, ficaria
com uma balança desequilibrada para sempre.
Seguiu caminho. A meio da rua, havia uma barbearia, como que a atração
principal do centro comercial não oficial. Estava toda quitada para parecer um
sítio americano à moda antiga. Duas cadeiras de vinil, com mais cromado do que
um Cadillac. Um rádio grande e antigo numa prateleira. Não era uma questão de
marketing mas um tributo. Não havia imensos militares americanos nas
redondezas. E o barbeiro da base seria sempre mais barato. Aos olhos de um
entendido como Reacher, o sítio parecia mais um diner do que uma barbearia,
mas o esforço era de louvar. Alguns acessórios eram bons. Havia uma tabela
visual colada a um espelho. Uma publicação americana. Linhas desenhadas a
preto e branco, vinte e quatro cabeças, todas com estilos diferentes, para o
cliente poder apontar em vez de explicar. No canto superior esquerdo, estava o
clássico cabelo à escovinha, e depois vinha o cabelo rapado atrás e dos lados, o
cabelo mais comprido em cima e cortado em linha reta, o cabelo cortado rente à
pele mais à altura das orelhas e por aí fora, ficando os estilos um bocadinho mais
compridos e um bocadinho mais esquisitos à medida que se aproximavam do
canto inferior direito. A moicana também aparecia ali, e mais uns quantos que a
faziam parecer um modelo de integridade.
Um homem que se encontrava lá dentro chamou Reacher.
«Quanto é?», articulou Reacher, mexendo os lábios.
O tipo levantou a mão, com todos os dedos, incluindo o polegar, esticados.
«Cinco quê?», articulou de novo Reacher.

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