Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

Nesse momento, a nova mensageira estava diante do apartamento, a bater à
porta. Nunca tinha batido à porta de nenhum apartamento. Nunca vira a porta de
um apartamento. Mas sabia qual seria a sensação. Tinham-na treinado. A
sensação seria que passaria imenso tempo, mas, no fundo, era a mesma coisa que
contar de um a cinco. Tinham-na treinado em relação a tudo. Apanhara o
autocarro para a cidade. Pela primeira vez na vida. Viu estradas pavimentadas
pela primeira vez na vida. Mas, graças ao fluxo de instruções dos outros ao
longo de várias horas, sabia o que fazer. Estava preparada. Não sobressaía. Tinha
dado um ou outro tropeção, mas isso também o fazia qualquer viajante de longo
curso exausto. A perfeição sobressairia ainda mais.
Um, dois, três, quatro, cinco.
A porta abriu-se.
Um jovem saudita perguntou:
— Quem és tu?
E a nova mensageira respondeu:
— Procuro santuário e um porto seguro. A nossa fé exige que vocês mos
providenciem. Tal como os nossos superiores neste empreendimento.
— Entra — disse o rapaz saudita.
Fechou a porta depois de ela entrar e depois parou e atirou:
— Espera lá. A sério?
Tinham treinado a nova mensageira. Que respondeu:
— Sim, a sério. O alto define a estratégia e o gordo estabelece os esquemas.
Neste caso, incluir um mensageiro que não passaria pela cabeça de ninguém que
o fosse, por ser uma mulher.
— O gordo?
— O da esquerda. Com mais moscas à volta dele.
Tinham-na treinado.
— Okay — retorquiu o miúdo. — Mas, uau! Embora a verdade é que acho
que sempre soubemos que isto era importante.
— Como? — perguntou ela.
Estava pela primeira vez na vida num apartamento, mas não era a primeira

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