Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

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Bishop não os quis deixar ver com os próprios olhos. Disse que tinha passado
por lá, e depois outra vez, logo a seguir, e que já tinham sido vezes de mais para
qualquer visita. Mas fora obrigado a fazê-lo, já que havia qualquer coisa que não
batia certo. Ainda assim, não podia permitir uma terceira passagem. Sabia para
que janela devia olhar e eles, não. Teria de passar por lá a passo de caracol e
apontar. Uma terceira viagem consecutiva, a conduzir devagar, com quatro
pessoas curvadas dentro do carro, a esticar o pescoço. Demasiado óbvio. Não ia
acontecer. Não podiam correr esse risco.
Reacher perguntou:
— E o que não batia certo?
— O puto devia ter deslocado o candeeiro da ponta do peitoril para o meio
da janela. Mas não chegou a ir até ao fim. O candeeiro está bem longe do meio.
Não foi propriamente o sinal que combinámos.
— E que quer isso dizer?
— Uma de três coisas. A primeira é que, se calhar, ele só teve meio segundo.
Entrar e sair, a correr. A segunda é que, se calhar, achou que estar a deslocar o
candeeiro até ao fim era demasiado óbvio. Se calhar, os outros passam a vida a
entrar e a sair do quarto. E eram capazes de reparar. Quem se dá ao trabalho de
mexer num candeeiro no mesmo dia em que volta a aparecer o velho amigalhaço
deles? Estes tipos não são decoradores de interiores. Têm outras coisas em que
pensar. Se calhar, foi má ideia.
— E ele não ligou?

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