Escola da Noite

— Por acaso, até havia. Foi humilhante. Uma assistente administrativa, à
espera para entregar um monte de papelada. Ele disse-lhe para ela não se ir
embora. E ela ficou simplesmente ali parada.
Reacher olhou para Waterman, que disse:
— Comigo foi o mesmo. Ele manteve a secretária na sala. O que, por norma,
não faria. Como soubeste?
— Porque me aconteceu a mesma coisa. O sargento dele. Uma testemunha.
Mas também um mexeriqueiro. E a ideia era mesmo essa. Eles falam todos uns
com os outros. Passados uns segundos, já toda a gente sabia que eu não ia para
lado nenhum interessante. Era só um curso inútil, com um título da treta. Passei
automaticamente à história. Desapareci imediatamente do radar. E de certeza que
a notícia já se espalhou pelos quatro cantos. Sou uma não pessoa. Sumi-me no
nevoeiro burocrático. E, se calhar, vocês também. Se calhar, as assistentes
administrativas e as secretárias do FBI também têm redes próprias. E se isso for
verdade, então nós os três somos neste momento as pessoas mais invisíveis do
planeta. Ninguém anda a perguntar por nós. Ninguém tem curiosidade em
relação a nós. Ninguém se consegue lembrar sequer de nós. Não há nada mais
chato do que o sítio onde estamos agora.
— Estás a dizer que puseram três agentes sem ligação mas em forma
completamente fora do radar. Porquê?
— Fora do radar não capta a essência da coisa. Viemos aqui para ter aulas.
Estamos completamente invisíveis.
— Porquê? E porquê nós os três? Qual é a ligação?
— Não sei. Mas tenho a certeza de que se trata de um projeto desafiante.
Possivelmente, o género de coisa que três agentes em forma poderão considerar
uma recompensa satisfatória pelos serviços prestados.
— E que sítio é este?
— Não sei — repetiu Reacher. — Mas uma escola não é. Isso é certinho,
caraças.