Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Porque é que ela não é uma oficial? Não lhe faltam competências para
isso.
— Ela não quer ser uma oficial.
— E é louca por ti, mas não quer dormir contigo.
— É para isso que servem os amigos.
— E ela tem algum problema?
— Tem haptefobia.
— E isso é o quê?
— Medo de ser tocado. O exército obrigou-a a ir ao médico.
— E o que lhe aconteceu? Foi molestada?
— Ela diz que não. Diz que já nasceu assim.
— Uma pena — soltou Sinclair, aninhando-se mais.
— Podes crer — retorquiu Reacher.
Fez-lhe outro desenho na anca.
Com a ponta do dedo.
E, de repente, exclamou:
— Espera lá, caraças!
Pôs-se a apalpar debaixo dela, à procura do envelope de Orozco. Dessa vez,
tirou a cópia toda cá para fora. E, colado à parte da frente, estava um envelope
mais pequeno. O envelope de Griezman. Com a impressão digital. No fecho da
porta do carro da prostituta morta.
— Não acredito em coincidências — afirmou Sinclair.
Reacher olhou para o envelope e examinou a ficha. Não havia anotações nem
coisas escritas à mão. Nada da autoria de Orozco. Apenas a fita-cola. Bem presa.
Uma mensagem.
Conclusiva, mas passível de ser negada.
— Às vezes, temos de acreditar em coincidências — atirou Reacher. —
Sobretudo, nas pequenas. A população não é assim tão grande. Tipos dispostos a
trair o país por dinheiro, tipos dispostos a recorrer a uma prostituta, tipos
dispostos a matar uma prostituta. Como num diagrama de Venn. Não há muita
gente nas partes onde os círculos se tocam. Imagino que ele estivesse a

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