Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

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Reacher contornou o tipo da cartola e começou a andar. Era meia-noite, hora
local. As ruas estavam iluminadas pelas lâmpadas dos candeeiros, pela luz suave
das fachadas das lojas banhadas por um fraco brilho noturno e pelo tremeluzir
azul dos programas tardios nos televisores do outro lado de janelas de
apartamentos sem cortinas. Reacher descreveu um oito, ao longo de dois
quarteirões aleatórios, e não viu ninguém atrás dele. Ou à frente. Ou nas
sombras. Era só uma precaução costumeira. Um hábito. Tinha trinta e cinco anos
e continuava vivo. Alguma coisa quereria dizer.
Deu com a rua que tinha o bar. Onde Klopp tinha visto Wiley pela primeira
vez. Onde Billy Bob e Jimmy Lee tinham vendido as Berettas de refugo. Onde
havia identificações alemãs à venda. Parou a quarenta metros do sítio e pôs-se a
mirá-lo de esguelha. O rés do chão do edifício de pedra, a porta central, a
fachada de tábuas de madeira, envernizadas e reluzentes. As janelas pequenas,
com as cortinas de renda e as bandeirinhas de papel. Lá dentro, as luzes estavam
acesas. À noite, tinham um aspeto caloroso e acolhedor.
Reacher atravessou a rua e entrou pela porta. O bar estava cheio de fumo e
barulho. Já era tarde, mas talvez ainda houvesse umas sessenta pessoas lá dentro,
quase todos homens, em grupos íntimos e muito juntinhos de três ou quatro.
Alguns estavam sentados às mesas e outros, em pé, apertados e de costas coladas
com outros cachos de gente. Havia bancos almofadados por baixo das janelas.
Estavam todos ocupados, como os lugares no metro, à hora de ponta. Reacher
avançou devagar pelo meio da multidão, calma mas firmemente, como um

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