Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

cavalo da polícia num motim. A maioria das pessoas saiu da frente dele
relativamente depressa. Pareciam homens de negócios ou funcionários
administrativos. Uns já com uma certa antiguidade, outros com ar de quem vivia
bem. Reacher não viu Wiley. Também não contava com isso. Era sortudo, mas
não era assim tão sortudo. Pressentiu que havia gente a observá-lo pelas costas.
Uma reação atrasada. Não nos avisaram de um homem assim?
Conseguiu chegar ao balcão depois de fazer um desvio, arranjou um
espacinho e ficou à espera de que o servissem. Os barmen eram os dois homens.
E tinham os dois pesados aventais de lona atados à cintura. Um olhou de relance
para ele. Reacher pediu-lhe um café simples. O tipo pôs uma máquina de café
expresso a trabalhar e voltou para trás para receber o dinheiro. Reacher não lhe
perguntou nada. A vida não era como nas séries de televisão. Os barmen nunca
se descosiam. Porque haviam de o fazer? Quem vinha primeiro, as sessenta
pessoas com quem tinham de viver durante todas as noites da vida ou o tipo
isolado que nunca tinham visto?
Limitou-se a levar o café para o meio da multidão, sentando-se no lugar vago
numa mesa para quatro já com três tipos. Estes olharam para ele como se tivesse
cometido uma gafe embaraçosa e, a seguir, desviaram o olhar, com uma série de
tossidelas e de arranques em falso a sinalizar que estavam a mudar de assunto. E
a fazer comentários. Reacher ouviu a palavra Arschloch, que sabia, devido a já
muitas discussões tidas no país, querer dizer parvalhão. Mas não reagiu. Preferiu
sorver o café até à última gota e dirigir-se para o telefone público que se
encontrava na parede em frente. Enfiou uma moeda na ranhura e marcou o
número de Orozco.
— Estamos metidos em sarilhos? — perguntou Orozco.
E Reacher respondeu:
— Não, estamos finos. Se eu apanhar o tipo.
— Julgava que já o tinhas praticamente na mão.
— Fiz asneira. Não contava com uma mensageira. Estamos sempre a
aprender.
— Então e agora?

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