Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

limitar-se-ia à prudência. E as exceções não eram verdadeiramente preocupantes.
Eram mais novos e estavam um bocadinho em melhor forma do que os outros,
mas não deixavam de ser mangas de alpaca. Nada que justificasse inquietação.
Reacher era um bom lutador de rua. Sobretudo, por gostar disso.
Afastou-se da parede e abriu caminho pela multidão, de peito aberto,
avançando tão direito e devagar como numa marcha fúnebre. Ninguém lhe
impediu a passagem. Chegou à porta da rua. À frente dele, encontrava-se um
grupo compacto de seis homens. Na casa dos trinta, provavelmente, e nenhum
deles esguio. Mas mangas de alpaca à mesma. Tinham os fatos coçados no rabo
e nos cotovelos. Percebeu-lhes a linguagem corporal. Estavam a preparar-se para
o deixar passar e, a seguir, dariam meia-volta rapidamente e espalhar-se-iam nas
costas dele, nos seixos húmidos e reluzentes da calçada.
— Falam inglês? — perguntou Reacher.
— Sim — respondeu um dos homens.
— E já alguma vez pensaram porquê? Porque falam a minha língua e eu não
falo a vossa?
— O quê?
— Não interessa. Quais são as vossas ordens?
— Ordens?
— Se eu quisesse um papagaio, ia a uma loja de animais. Alguém acabou de
os mandar fazer alguma coisa. Digam-me o que foi.
— Não.
— Então vou ter de ponderar um grande número de possibilidades teóricas.
Entre elas, quererem andar à pancada lá fora. Se calhar, isso não é minimamente
verdade. Se calhar, equivoquei-me completamente em relação a vocês. Mas vou
ter de pecar por excesso de cautela. Entendem isso, certo? É a minha única
decisão sensata possível. Por isso, não me sigam lá para fora. Se calhar, só
querem apanhar um bocado de ar. Mas pecar por excesso de cautela implica que
vou ter de interpretar isso como um ato hostil. E a doutrina da NATO atualmente
em vigor exige uma reação imediata com força avassaladora. Eu sei que têm um
estado-providência, mas um hospital continua a ser um hospital,

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