Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

independentemente de quem paga a conta. Não tem piada nenhuma. Por isso,
aconselho-os a ficarem quietinhos.
— Estás com medo de nós.
— Infelizmente, não, só estou a tentar ser justo. Não há razão nenhuma para
se magoarem. Se algum dos vossos chefes tem um problema comigo, que venha
cá sozinho. E eu dou uma volta ao quarteirão com ele. Trocamos opiniões. E
assim, toda a gente sai a ganhar.
Nenhuma resposta.
Reacher abriu caminho por entre o primeiro homem e o segundo e puxou a
porta. Desviou-se quando ela se abriu, deu dois passos rápidos em direção ao
passeio e virou-se.
Ninguém foi atrás dele.
Ficou à espera um minuto inteiro na valeta, mas não saiu ninguém. Levantou
a gola para se proteger da neblina noturna e começou a dirigir-se para o hotel.
Viu desde a esquina que o tipo da cartola já lá não estava. O turno da tarde
acabara e começara o da noite. Abrandou o ritmo e sondou o que tinha pela
frente. Um hábito.
Estava um homem à entrada de um edifício, do outro lado da rua. Mal se via.
Estava iluminado de lado, em suaves tons verdes, pelo letreiro de uma farmácia
dois prédios à frente. Trazia uma parca escura e um chapeuzinho bávaro.
Provavelmente, com uma pena na fita. Estava a observar o hotel. Sem dúvida
alguma. Estava de cara voltada para lá, enfiado no canto da entrada. Branco e
um bocadinho corpulento. Talvez com um metro e oitenta e uns cem quilos.
Difícil de perceber a idade.
Reacher continuou a andar. Se calhar, fazia parte de uma equipa de proteção
diplomática. Cortesia do governo alemão. Se calhar, tinham descoberto que
Sinclair estava ali na cidade. Ou, se calhar, Bishop tinha enviado um tipo. Do
consulado. Um terceiro subadjunto para os assuntos culturais, com soqueiras no
bolso. Treinado durante o sistema anterior.
Reacher prosseguiu a caminhada, sem olhar para nada em particular,
mirando-o pelo canto do olho. Mas foi então que um carro virou, vindo do

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