Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

quarto é iraniano. Parecem ser todos muito seculares. Barba feita, cabelo curto,
bem vestidos. Têm uma predileção por polos de cores pastel com a insígnia do
crocodilo. Usam relógios Rolex de ouro e sapatos italianos. Andam de BMW e
vão às discotecas. Mas não vão trabalhar.
Reacher viu White a assentir com a cabeça, como se estivesse familiarizado
com situações daquelas. Waterman não reagiu.
Sinclair explicou:
— No bairro, os quatro rapazes são considerados playboys de pouca monta.
Possivelmente, com ligações a ramos afastados de famílias ricas e preeminentes.
A pintar a manta enquanto são novos e não têm de voltar para casa, a caminho
do ministério do petróleo. Por outras palavras, nada mais do que eurotrash. Mas
nós sabemos que não é assim. Sabemos que foram recrutados nos países natais e
enviados para a Alemanha através do Iémen e do Afeganistão por uma nova
organização da qual não sabemos ainda grande coisa. Exceto que parece ser bem
financiada, fortemente jiadista, maioritariamente paramilitar nos métodos de
treino e indiferente a nacionalidades. Sauditas e iranianos a trabalhar em
conjunto é invulgar. Mas é precisamente isso que estão a fazer. Gozavam de boa
reputação nos campos de treino e enviaram-nos há um ano para Hamburgo.
Tinham como missão infiltrarem-se no Ocidente, viver tranquilamente e
aguardar novas ordens. Que até agora ainda não receberam. Ou seja, por outras
palavras, são uma célula inativa.
Waterman ganhou vida e perguntou:
— E como sabemos isto tudo?
— O iraniano é nosso — respondeu Sinclair. — É um agente duplo. A CIA
controla-o a partir do consulado em Hamburgo.
— Um puto corajoso.
Sinclair assentiu.
— E os putos corajosos são difíceis de encontrar. É uma das maneiras em
que o mundo mudou. Dantes, os ativos entravam-nos pela porta da embaixada
dentro. Escreviam-nos cartas suplicantes. Até mandávamos alguns embora. Mas
isso eram comunistas velhos. Agora, precisamos de árabes novos e não

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