Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

alta, num movimento sem dúvida ilegal, só que o terceiro homem era muito
maior do que uma bola de basebol e, por isso, uma pontaria perfeita não era um
requisito crucial. Qualquer sítio entre o peito e a cabeça seria em cheio. O
cotovelo, o braço, o pescoço, o crânio. Ou os quatro ao mesmo tempo, que foi o
que aconteceu. O homem levantou o braço para proteger a cabeça e o taco
apanhou-lhe o cotovelo e o tricípite, e o impacto partiu-lhe o osso pesado do
braço e lançou-o para trás, na direção da ponta do maxilar, onde o pescoço se
ligava ao crânio. O que o pôs de joelhos, mas não o apagou por completo. Por
isso, Reacher voltou a brandir o taco, dessa vez corretamente, com a mão direita,
num movimento que provavelmente apenas chegaria para um «balão» num
piquenique do 4 de Julho, mas que servia mais do que bem face à biologia
humana. O tipo começou a abanar de um lado para o outro e, a seguir, caiu de
cara no chão.
Por essa altura, o relógio mental de Reacher indicou-lhe que a luta tinha
durado até então pouco mais do que quatro segundos. O isco à entrada do prédio
continuava colado à parede. Não tinha nada que ver com aquilo. Os quatro
pedaços de carne do primeiro bar estavam a entrar em ação, deslocando-se
pesadamente. Tinham saído atabalhoadamente dos sítios onde haviam estado
escondidos para se posicionarem ao acaso. Sem tom nem som. Uma coisa
simplesmente aleatória. O que constituía um problema. Os dois primeiros seriam
fáceis. E o terceiro não seria difícil. Mas o quarto levantaria um problema.
Reacher percebeu isso. Questões de tempo, espaço e movimento. Como a
astronomia. Como os planetas em rotas de colisão. Órbitas, ângulos e
velocidades relativas. O quarto cair-lhe-ia em cima antes de o terceiro ir ao chão.
Não havia outra possibilidade. Estava escrito na forma como os respetivos
centros de gravidade se estavam a mover. Não havia outra sequência lógica para
além de um, dois, três. Independentemente de por onde a pessoa começasse.
E tudo isso levou Reacher a arrepender-se de ter dito a Neagley dois minutos
certos. Ainda lhe faltava um minuto e cinquenta e cinco segundos. Sem
hipóteses lógicas de sobrevivência. Contra adversários vingativos. Devia ter
deixado a decisão ao critério dela. Neagley teria entrado no beco mal tivesse a

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