Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Nessa altura, ainda não. Mas, mais tarde, estavam a gozar com ele por
andar sempre a falar de ranchos quando a única coisa que havia na cidade natal
dele era uma grande e velha fábrica de açúcar, e o Wiley disse que o tio Arnold
tinha trabalhado num rancho antes de ir para a tropa.
— E pareceu-lhe ser o mesmo tio? Ou um tio diferente?
Coleman ficou calado, como se estivesse a passar em revista os próprios
familiares e a ouvir mentalmente o que lhes chamava. Este tio, aquele tio. Havia
alguma diferença?
Até que acabou por responder:
— Não sei. O Wiley era do género de pessoa que utilizaria um nome quando
pudesse. Um tipo do Texas. Boa educação à moda antiga. Mas não podia fazer
isso na tal frase críptica porque tinha de ser uma coisa curta. Por isso, se calhar,
estava a falar do Arnold das duas vezes, ou, se calhar, não.
— Explique-me melhor aquilo de cada dia ser um dia a menos. O plano
secreto. Qual era o estado de espírito dele? Pareceu-lhe um plano que fosse uma
coisa passo a passo, devagarinho mas de forma segura, ou houve altos e baixos?
— Acho que nem uma coisa nem outra — respondeu Coleman. — Ou uma
mistura das duas. Nunca deixou de andar alegre, mas mais tarde ficou mais feliz.
Ao todo, dois passos apenas. Andou sempre em alta e depois ainda andou mais.
— E quando se deu essa mudança?
— Mais ou menos a meio. Há cerca de um ano.
— E o que se passou?
— Nada que eu possa exprimir por palavras.
— E não ficou com nenhuma impressão?
— É possível que seja uma coisa estúpida.
— Eu gosto de coisas estúpidas.
— Acho que ele dava a ideia de um tipo à espera de notícias, sempre meio na
expectativa de que fossem boas, até que, por fim, as recebeu e a verdade é que
foram mesmo boas.
— Como alguém à procura de qualquer coisa que soubesse que estava ali e
que depois encontrasse?

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