Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

um estafeta. Os hotéis acabam por deixar um rasto. Eles são muito paranoicos, já
que estas novas redes estão muito espalhadas. O que quer dizer que, em teoria,
as comunicações seguras são muito difíceis. Acham que conseguimos ouvir o
que dizem ao telemóvel, e provavelmente conseguimos, e acham que lhes
conseguimos ler os e-mails, o que não duvido que vamos conseguir fazer em
breve, e sabem que abrimos o correio normal deles com vapor. Por isso,
resolvem utilizar estafetas, que, no fundo, correspondem a mensageiros. Não
trazem pastas presas ao pulso. Trazem perguntas e respostas verbais na cabeça.
Andam para a frente e para trás, de continente em continente, pergunta, resposta,
pergunta, resposta. Muito lento, mas totalmente seguro. Não há impressões
digitais eletrónicas em lado nenhum, não há nada apontado e não há nada para
ver a não ser um tipo com um fio de ouro a passar num aeroporto, ao lado de
milhões de outros iguaizinhos.
— E sabemos se o destino final dele era Hamburgo? Ou estaria a fazer uma
pausa na viagem para outro sítio da Alemanha? — perguntou White.
— O assunto que ele tinha para tratar era em Hamburgo — respondeu
Sinclair.
— Mas não era com os rapazes da casa.
— Não, era com outra pessoa.
— E sabemos quem o enviou? Partimos do princípio de que foram os
mesmos tipos do Iémen e do Afeganistão?
— Acreditamos piamente que foram os mesmos. Devido a outra
circunstância.
— Que foi qual? — perguntou Waterman.
— Por uma coincidência estatisticamente não muito incrível, o mensageiro
conhecia um dos sauditas da casa. Tinham passado três meses juntos no Iémen, a
trepar cordas e a disparar AK47. O mundo é pequeno. Por isso, os dois tiveram
umas conversas curtas e o iraniano ouviu algumas.
— Que foi que ouviu?
— Ele estava à espera de um encontro dali a dois dias. O local nunca foi
referido, ou pelo menos ouvido, mas o contexto dava a entender que era

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