Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

nossa compaixão natural desculpa como sendo uma perda de memória. O que até
é capaz de ser verdade. Mas nunca vamos saber ao certo. Porque não podemos
descobrir. Não podemos dar uns piparotes ao tipo. Por assim dizer.
— Mas ele não pode estar envolvido de forma ativa. Está doente há ano e
meio — retorquiu Bishop.
— Concordo — respondeu Reacher.
— Então tem tudo que ver com as histórias do Davy Crockett. Que, à
primeira vista, não parecem ser nada por aí além. Uns simples contos de fadas
estúpidos para miúdos. Mas foram a primeira coisa na lista críptica do Wiley.
Portanto, é evidente que têm um significado pessoal para ele.
— Um significado pessoal em que sentido? — perguntou Sinclair.
Neagley explicou:
— Ele não as contou à mulher. Portanto, eram histórias que tinham que ver
com o trabalho, não eram histórias domésticas. Eram histórias do exército. De
que existem milhões. As unidades têm lendas de toda a espécie. Se calhar, o
Mason contou ao Wiley a lenda da unidade dele, de homem para homem, a
tentar estabelecer um laço com o miúdo. Como nos filmes. O namorado novo da
mãe faz sempre isso. Se calhar, o Wiley nunca se esqueceu dessas histórias. Se
calhar, tiveram tanto impacto que o fizeram vir ver se eram verdade, uma série
de anos depois.
— E que tipo de lendas há?
— Podíamos tentar uma jogada de último recurso — afirmou Neagley.
Estava a ler a folha de serviço de Arnold Mason como se fosse uma pauta
musical, passando o dedo de compasso em compasso, com a cabeça inclinada, a
ouvir a melodia. E prosseguiu:
— As probabilidades de êxito são mínimas, mas, se retrocedermos o
suficiente, um primeiro-tenente que estivesse com estes tipos era capaz de ter
regressado à unidade já como capitão. E, se calhar, podia ter voltado outra vez
como major ou tenente-coronel. Nesses tempos, podia construir-se uma carreira
na infantaria paraquedista. Se um homem desses se tiver safado bem, é bem
possível que ainda esteja no exército. Já com bastante idade, mas vai lembrar-se.

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