— Não costuma dizer aos seus superiores aquilo que eles devem ficar a
saber?
— Digo-lhes o mínimo possível. Palavras curtas, nada de matemática, nem
de diagramas.
— Em todo o caso, você vai parar à cadeia. Na Alemanha, é ilegal sonegar
informações desse género.
— E você vai prender-me?
— Posso adicioná-lo ao processo como testemunha importante. E seria
obrigado a responder. Se se recusasse, isso seria considerado desobediência ao
nosso sistema judicial.
— De certeza que há para aí uma piada qualquer pelo meio.
— Estamos a falar de um assunto grave.
— E também podemos argumentar que o nosso é bem mais grave. De certeza
que o meu presidente teria todo o gosto em explicar isso ao seu chanceler. Mas
não precisamos de ir por aí. Ajude-me a encontrar o Wiley e depois arranjamos
uma solução para esta outra coisa juntos.
— Foi ele?
— Esqueça a impressão. Um advogado também não iria achar graça. Podia já
lá estar há meses. Precisa de ir por outra via. Aquilo da Beretta foi bem
apanhado. Andam a vendê-las no bar preferido da sua vítima. Sabia disso? Quem
poderá ter comprado lá uma?
— O Wiley — respondeu Griezman. — Comprou lá a identificação.
— Uma boa teoria. Prometedora. Ainda não prova nada, mas é evidente que
o passo seguinte seria encontrá-lo e falar com ele.
— E onde está ele?
— Não sei.
Nesse instante, Wiley estava a cem metros de distância, a atravessar a rua
quando o sinal abriu para os peões, dois quarteirões para leste da estação de
comboios. Trazia umas calças pretas e uma sweatshirt preta, com capuz. E