Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

urbano, provavelmente, a menos de um quilómetro dali. Aproximou-se da janela
e abriu-a com esforço. Ouviu sirenes ao longe. E depois mais tiros, quatro
cartuchos, a seguir, cinco, muito ao de leve, mas com mais nitidez, devido à
janela aberta, depois mais sirenes, com dois tons diferentes, provavelmente de
ambulâncias e de carros da polícia, acompanhadas de uma rajada frenética de
tiros, impossivelmente rápida, como uma explosão ininterrupta, como uma
centena de metralhadoras a disparar ao mesmo tempo, como o melhor espetáculo
de fogo de artifício jamais visto no parque da cidade, seguida do violento baque
surdo e abafado de uma explosão de combustível e de mais dois tiros de pistola,
para depois se passar a ouvir apenas as sirenes, os gritos dos carros da polícia, os
gemidos das ambulâncias, os sons graves e ensurdecedores dos carros dos
bombeiros, mesclando-se tudo num uivo que mais parecia de lamento do que de
ajuda.
Reacher espreitou para a rua e viu polícias a passar a toda a velocidade, todos
na mesma direção, a maioria em carros, com alguns em cima de motas e outros a
pé, meio a correr. Viu duas ambulâncias e um carro dos bombeiros. Havia luzes
vermelhas e azuis a piscar por todo o lado.
— Que foi aquilo? — perguntou Sinclair.
Neagley respondeu:
— Parecia um incêndio numa casa, como se alguém tivesse deixado uma
caixa de munições em cima do balcão da cozinha. E depois a botija de gás
explodiu. Só que devíamos ter ouvido as sirenes mais cedo. Mas, se calhar, foi
num prédio de pedra. Se calhar, o incêndio não se podia ver de fora. E, por isso
mesmo, só soaram o alarme já tarde.
— Intencional?
— Talvez sim, talvez não. Seja como for, o som é o mesmo.
— Relacionado?
— Não dá para perceber — respondeu White. — É uma cidade grande. Há
muita coisa a acontecer.
Ouviu-se uma segunda explosão de combustível. Ténue e lá muito ao longe,
mas inconfundível. Um baque surdo, um vácuo silencioso, o ar a ser sugado e

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