Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

corredor de escritórios, o que podia bem ter sido na véspera. O quarto era
espaçoso e incluía uma casa de banho. Uma suíte para um executivo. Pensado
para uma secretária e não para uma cama, mas funcionava.
Para comer foi uma questão de pôr o velho Caprice a trabalhar e dar uma
volta por McLean, virando por instinto no género de ruas que pudessem ter o
género de eventuais terrenos nos arrabaldes que pudessem ter o género de
restaurantes de que andava à procura. Que não fossem uma escolha habitual. O
metabolismo dele ajudou-o. Viu um anúncio luminoso mais adiante, e alumínio
reluzente, ao lado de uma bomba de gasolina, ao lado de uma rampa de acesso à
autoestrada. Um diner, suficientemente antigo para ser quase autêntico. Algumas
mossas e manchas. Alguma rodagem.
Virou para lá e estacionou, abrindo com esforço a porta cromada e entrando.
A atmosfera era fria e clara, devido às luzes fluorescentes. A primeira pessoa que
viu foi uma mulher que conhecia. Completamente sozinha num reservado. Da
penúltima missão que tinha executado. O melhor soldado com quem já
trabalhara. Possivelmente, a pessoa que era mais amiga dele, de um modo
circunspecto, se a amizade permitia deixar coisas por dizer.
Primeiro, achou que era mais uma coincidência não muito incrível. O mundo
era pequeno e, perto do Pentágono, ficava ainda mais pequeno. Depois,
reavaliou a situação. Ela tinha sido a primeiro-sargento dele durante os anos de
glória da 110 da PM. Tinha desempenhado um papel tão importante como
qualquer outra pessoa, e maior ainda do que algumas. Maior do que a maioria.
Maior do que ele, provavelmente.
Revelando-se muito inteligente.
Muitíssimo inteligente para se tratar de uma coincidência.
Aproximou-se da mesa dela. A mulher não se mexeu. Estava a observá-lo na
parte de trás de uma colher virada ao contrário. Reacher sentou-se à frente dela e
disse:
— Olá, Neagley.

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