o puxador, aproveitando a eventual compressão adicional que as dobradiças lhe
pudessem dar, e enfiou o American Express do governo na ranhura e encostou-o
à lingueta da fechadura. Foi dando toquezinhos com ele, deslocando a porta
muito ligeiramente para um lado, empurrando-a com o ombro, e deslocando-a
também muito ligeiramente para o outro, subindo e descendo o puxador,
experimentando combinações aleatórias, até que, por fim, a fechadura retrocedeu
com um pequeno estalido e a porta se abriu. Altura em que ela se baixou, por
saber que Reacher estaria a apontar para o meio do corpo de quem quer que se
encontrasse atrás da porta.
Não havia lá ninguém.
Não havia ninguém em lado nenhum.
Confirmaram que cada divisão do apartamento estava segura, primeiro, com
olhares apressados, da esquerda para a direita, por cima de miras de ferro, e
depois novamente, de forma mais paciente e lenta.
Continuava a não estar ali ninguém.
Reuniram-se na cozinha. Havia um mapa parcialmente aberto em cima da
bancada. Numa escala grande e bastante pormenorizado. A região central de um
país. Oceano à esquerda e oceano à direita. Um quadrado perfeito marcado com
a gordura de um dedo. E a cidade de Buenos Aires no canto superior direito.
— A Argentina — disse Reacher. — O tipo vai comprar um rancho. Que há
de ter mais de uns dois mil e quinhentos metros quadrados. Trocou o dinheiro
dele por pesos na estação de comboios. O gajo vai para a América do Sul.
Neagley abriu armários, espreitou para dentro da máquina de lavar louça e
puxou gavetas para fora. Enfiou a mão no caixote da reciclagem e tirou de lá
uma garrafa escura, com um gargalo fino. Passada por água e vazia. Um rótulo
dourado desbotado. Dom Pérignon. A seguir, foi ver o lixo. Côdeas, cascas e
borras de café. Mais uma camisa ensanguentada, umas calças também salpicadas
de sangue e um dossiê vermelho. Feito de cartão rijo plastificado com vinil, com
quatro argolas lá dentro e páginas pré-furadas, com linhas em código escritas à
mão, em cinco colunas individuais.
— Isso é do Schlupp — disse Griezman. — Não preciso de mais provas.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1