Sinclair voltou do quarto.
— O tipo fez a mala — afirmou. — Só que ainda a tem dentro do armário.
Ele ainda está aqui em Hamburgo.
Nesse momento, Wiley encontrava-se nove andares abaixo deles, no átrio.
Mas ainda não se estava a aproximar da zona dos elevadores. Estava parado a
meio do rés do chão, meio virado, a olhar para trás, na direção do carro
estacionado na berma. Percebia de carros. Tinham sido o negócio dele. Havia
pessoas que os roubavam, ele vendia-os. Para o México, essencialmente. Às
vezes, para as Caraíbas. Sabia avaliar bem o valor deles. Era um mercado com
preços flutuantes, como qualquer outro. E o carro parado na berma era um
Mercedes, já com uns três ou quatro anos. Parecia em boas condições e muito
limpo. Mas, por baixo do verniz, já estava bastante usado e desgastado. Já fizera
muitos quilómetros em cidade. Tinha uma antena na tampa da bagageira. Como
um táxi ou um sedan de luxo, género limusina. Mas não era um táxi nem um
sedan de luxo. Não tinha a luzinha nem o taxímetro. E, se fosse um sedan de
luxo, era demasiado velho para pertencer a um serviço topo de gama. E se
tivesse sido vendido em segunda mão a um serviço menos sofisticado, estaria
repleto de autocolantes e de números de telefone.
E também não era um sedan de luxo porque o assento do condutor estava
todo enfiado no espaço do passageiro de trás. E nenhum casal numa saída
noturna toleraria isso.
Era um carro da polícia. Não era um daqueles carros comuns de detetive mas
de xerife ou capitão. Porquê? Não seria por causa dele, com certeza. Era
invisível. Estava seguro disso. Então seria por causa de quem? Havia
praticamente duzentos apartamentos no prédio. Tinha de haver algum mauzão
num deles. Uma certeza, estatisticamente, na nova Alemanha.
Precisava da mala, obviamente, e queria o mapa. Estava a pensar mandar
emoldurá-lo. Estava a pensar pendurá-lo por cima de uma lareira em pedra
natural, num salão com um teto altíssimo, com um pináculo no centro. O lugar