uma circunstância feliz, os sítios que pareciam melhores tinham todos o mesmo
número de telefone. Avisos perfeitamente nítidos e laminados. Razoavelmente
recentes. Wiley tê-los-ia apreciado. Ter-lhe-iam dado confiança. Referiam uma
pequena imobiliária. Fiável. Profissional. E ele seria apenas mais um inquilino
entre muitos. Não daria nas vistas.
— Já há uns trinta quarteirões que ando a ver o mesmo número — soltou
Neagley. — Este tipo comprou um grande pedaço de terreno.
— Se calhar, quer construir um prédio de apartamentos.
Prosseguiram, parando no final de cada quarteirão, sondando, escolhendo,
esquerda, direita ou sempre em frente. Reacher parou numa esquina. E olhou
para a esquerda. Viu umas portas duplas. Sólidas. Verde-escuras. Desgastadas
pelo tempo, mas não corroídas. Um número de telefone. A porta da esquerda
tinha descaído um pouquinho, e estava entreaberta. Havia cadeados abertos
pendurados de esguelha em ferrolhos e num fecho. E a porta da direita estava
toda escancarada. Um pequeno armazém. Escuro lá dentro, em contraste com a
luz forte do dia.
Reacher aproximou-se.
Ouviu um som lá dentro. Uma respiração rápida e ofegante, murmurante e
gorgolejante, terminando sempre com um ligeiríssimo arquejo ou gemido. O
som de um tipo a esforçar-se para respirar, com as costelas partidas e sangue na
garganta. Reacher sacou o Colt do bolso. Soltou a patilha de segurança. E pôs o
dedo no gatilho. Não se afastou da parede, tentando espreitar pela nesga da
dobradiça. Uma massa grande e escura.
Seguiu o ângulo da porta esquerda e encostou-se todo à parte final dela.
Neagley esperou a um metro de distância. Substitui-lo-ia quando ele avançasse.
Escutou a respiração.
Um gemido ofegante e murmurante.
Afastou-se da porta e espreitou pelo canto.
Viu um espaço que dava para duas carrinhas. Uma das metades estava cheia
e a outra metade, vazia. Na metade cheia, encontrava-se uma velha carrinha de
distribuição, cheia de pó e com os pneus a ficar vazios. Tinha a palavra Möbel
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1