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Neagley levou a mala para junto do porta-bagagens do carro de Griezman,
pousou-a em cima da tampa e abriu-a. Reacher chamou Griezman e pediu-lhe
para a revistar.
— E porquê eu? — perguntou Griezman.
— Gostava que me desse a sua opinião — respondeu Reacher.
Griezman comportou-se como Reacher já esperava. Como um veterano
perante um teste. Experiente, mas subitamente prudente. Como se soubesse que
aquilo tinha de trazer água no bico. Uma armadilha. Estariam a avaliar a rapidez
com que encontraria a coisa? O que estaria em jogo? Não sabia.
Ao fim e ao cabo, só três objetos se revelaram dignos de nota. Em primeiro
lugar, o novo passaporte de Wiley, com o nome Isaac Herbert Kempner, por ser
uma verdadeira beleza. Era completa, absoluta e inteiramente autêntico. Em
segundo lugar, o mapa que tinham visto na cozinha dele, agora muito bem
dobrado, pois tinha uma utilidade cartográfica limitada e, por conseguinte,
potencial valor sentimental, o que talvez pudesse ajudar a explicar o estado de
espírito dele.
O terceiro objeto era uma chave da Mercedes-Benz.
Provavelmente, não era de um sedan. Um bocadinho grande de mais.
Demasiado plástico. Demasiado banal. Era o género de chave que, um dia,
ficaria encardida. O género de chave que vinha com uma carrinha de
distribuição.
Griezman concordou.