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Mais tarde, Reacher admitiu que, se um tipo da sua idade lhe tivesse dito
aquilo, lhe teria dado logo um sopapo, bangue, antes sequer de a última palavra
ter esmorecido no silêncio, pois para quê deixar um tipo que queria começar a
andar à pancada fazê-lo quando mais lhe conviesse? Mas tratava-se de um miúdo
e a compaixão exigiu-lhe, no mínimo, uma segunda hipótese. Por isso, Reacher
acabou por perguntar, muito lentamente:
— Falas inglês?
— Estou a falar inglês — respondeu o rapaz.
— É que te enganaste nas palavras que disseste ainda agora. Saiu tudo
trocado. Parecia que achavas que havia bares na Alemanha onde os americanos
não podem entrar à vontadinha e sentir-se em casa. E de certeza que não era isso
que querias dizer. Posso ensinar-te as palavras certas, se quiseres.
— A Alemanha é dos alemães.
— Por mim, tudo bem — retorquiu Reacher. — Mas, seja como for, aqui
estou eu. Simplesmente de passagem. A querer beber um café. A tentar dar-te
uma oportunidade de te afastares sem ficares malvisto nem levares um enxerto
de porrada.
— Nós somos quatro.
— E quanto tempo demoraste a contar até um número assim tão alto? Não, a
sério, estou curioso.
Surgiu um rosto à janela do bar. A olhar fixamente lá para fora e depois a
esconder-se.