Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Iguais a soluções mágicas. Instalamos esse novo código e resolvemos o
problema. Há muito dinheiro a ganhar com isso. O mercado é enorme. Pelo
mundo inteiro, há milhões de pessoas que precisam que lhes façam isso com
antecedência. É urgente. Tão urgente que prevemos que as pessoas instalem
primeiro e pensem depois. O que as deixa vulneráveis.
— A quê?
— Outro fragmento de conversa. Apanhámos uns sussurros sobre uma
correção já terminada e à venda. Supostamente, parece boa, mas não é. É um
cavalo de Troia. Género um vírus ou um worm, mas não é bem igual. Trata-se de
um calendário de quatro dígitos, que pode ser parado remotamente, a mando de
alguém. Pela Internet. Que vai crescendo a cada dia que passa. Os computadores
do mundo inteiro vão crachar. Governo, serviços públicos, empresas e
indivíduos. Imagine o poder que isso dá a uma pessoa. Imagine o caos. Imagine
o potencial em matéria de chantagem. Haveria quem pagasse cem milhões para
obter uma capacidade dessas.
— Isso já é um bocado abusivo — respondeu Reacher. — Não acha? As
pessoas pagariam cem milhões para obter uma série de coisas. Porquê partir do
princípio de que é esta coisa em concreto?
Mais valia ouvir a conversa toda até ao fim.
Ratcliffe respondeu:
— É necessário um determinado tipo de talento para escrever uma coisa
dessas. E também um determinado tipo de cabeça. Uma espécie de sensibilidade
de fora da lei. Não é que eles vejam a coisa assim, claro. Para eles, é mais uma
coisa hipster. E isso, pelo que me dizem, não se trata de um tipo incomum no
mundo dos programadores de software. E à volta de quatrocentos acabaram de se
reunir numa convenção no estrangeiro. Quatrocentos dos geeks mais hipsters do
mundo. E cerca de metade era pessoal americano.
— Onde?
— A convenção foi em Hamburgo, na Alemanha. Estiveram lá enquanto os
senhores lá estiveram. A convenção terminou esta manhã. Foram-se todos
embora hoje.

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