Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

descambar tudo. Possivelmente, sem motivo. Possivelmente, por causa de uma
coisinha que outras pessoas já fizeram e se safaram. Mas o senhor vai estender-
se ao comprido. Na melhor das hipóteses, vai ficar a marcar passo. Na melhor
das hipóteses, vão pôr para sempre um asterisco a seguir ao seu nome. Do
género, não podemos confiar nesse tipo.
Bartley esfregou as palmas das mãos nas pernas das calças e ficou calado.
E Reacher continuou:
— Não me interessa o que o senhor fez. A não ser que tenha sido uma coisa
em concreto. Mas não me parece que tenha sido. Quer dizer, quais são as
probabilidades disso?
— De certeza que não foi essa coisa.
— Ora bem.
— Não há razão para estar interessado em mim.
— De certeza que tem razão. Mas vou ter de fitar as pessoas nos olhos e dar-
lhes a minha opinião sincera. Se não tiver sido essa coisa, digo-lhes isso mesmo
com todo o gosto e mais nada. É com todo o gosto que lhes digo para não
perguntarem porque foi outra coisa completamente diferente. E o seu segredo
morre comigo. Mas, primeiro, preciso de saber que género de outra coisa foi.
Porque preciso de ser convincente. Preciso de falar com a confiança e a
autoridade que se fundam consistentemente em factos.
— Não foi nada de importante.
— É agora ou nunca, meu coronel. Quando se está num buraco, é melhor
parar de cavar. Não me interessa mesmo o que seja. Nem sequer vou participar
isso. Sexo, drogas ou rock and roll, estou a marimbar-me. Desde que não seja a
tal coisa em concreto. O que ambos concordamos ser improvável. No fundo, só
lhe quero perguntar outra coisa. Outra coisa completamente diferente.
— Que coisa?
— A pergunta ainda não é esta, okay? Isto ainda é só uma coisinha
suplementar. Uma questão menor. Uma espécie de aquecimento antes de ir a
jogo. O senhor vai todas as semanas a Zurique?
O tipo ficou calado.

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