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Vanderbilt atendeu a chamada e passou o telefone a White. White ficou a
ouvir, com os olhos a fazerem todo o seu reportório, fitando algo mais longe,
focando algo mais perto, por vezes semicerrados, umas vezes voltados para a
esquerda e outras para a direita. Foi tomando notas numa folha de papel. Dois
assuntos diferentes, pressupôs Reacher. Dois títulos diferentes. Dois apanhados
de letra bonita e cursiva.
Ao fim de algum tempo, White acabou por desligar o telefone, dizendo:
— Duas novidades. O iraniano pediu um local secreto para entregar
informações. Há meia hora. Deixou um relatório escondido dentro de um jornal.
Poder-se-á considerar uma coisa algo especulativa. Em parte, trata-se de uma
análise cultural. Quase um ensaio. Diz que o saudita que conhece o mensageiro
anda muito entusiasmado. Como se fosse acontecer uma coisa importante. Mais
importante do que podiam sonhar. Ligada aos cem milhões de dólares,
evidentemente. Como se tivessem chegado onde nunca contassem chegar. O
iraniano sublinha que não possui pormenores concretos, tal como o miúdo
saudita. É mais uma questão de fé. Toda a gente tem a sensação de que o
panorama mudou radicalmente. Diz que o miúdo saudita anda a sorrir como se
estivesse a olhar para a terra prometida.
Reacher perguntou:
— E qual foi a segunda novidade?
— O consulado recebeu um relatório, para proteger o próprio couro, de uns
polícias de Hamburgo de pouca monta sobre um americano ter estado à conversa