Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

conselhos dele. Mas temos de começar por algum lado e é sempre melhor pelo
princípio, por isso, o nosso foco inicial vai recair numa descrição física e
comportamental pormenorizada de ambos os homens. Começando,
aleatoriamente, pelo americano. Primeiro, queremos ouvi-la nas palavras dele, e,
a seguir, vamos mostrar-lhe algumas fotografias.
A tradutora repetiu tudo em alemão, virada para Klopp, de forma enérgica e
com uma enunciação cuidada. Klopp foi acompanhando, assentindo
solenemente, como se contemplasse uma longa tarefa de grande dificuldade, mas
se encontrasse disposto a dar o melhor.
Reacher perguntou:
— O senhor Klopp costuma ir muito àquele bar?
A tradutora traduziu, Klopp respondeu, de forma bastante longa, e a tradutora
explicou:
— Costuma lá ir duas ou três vezes por semana. Tem dois bares preferidos,
que vai rodando de acordo com os cinco dias úteis de trabalho.
— E há quanto tempo já vai àquele bar?
— Há quase dois anos.
— E já lá tinha visto o americano?
Seguiu-se uma pausa. Tempo para pensar. E depois, um pouco de alemão e:
— Sim, acha que já lá o viu há dois ou possivelmente três meses.
— Acha?
— Tem a máxima certeza possível. O cavalheiro em que ele está a pensar, de
há dois ou três meses, estava na altura de chapéu. O que torna difícil ter a
certeza. Admitiria de bom grado a possibilidade de estar enganado.
— Que tipo de chapéu?
— Um boné de basebol.
— Com alguma coisa?
— Acha que com uma estrela vermelha. Mas era difícil perceber.
— E também já foi há muito tempo.
— Ele lembra-se por causa do tempo.
— Mas, seja como for, o americano não é um cliente habitual.

Free download pdf