REVISTA VOO LIVRE- EDIÇÃO DE FEVEREIRO - Nº 19

(MARINA MARINO) #1

Poesia por Marta Cortezão


nomeiodopoemae,depronto,estes
versos me levam ao que diz Hilda
Hilst, quando indagada sobre como
nasciamseuspoemas:


Meus poemas nascem, porque
precisam nascer. Nascem do
inconformismo. Do desejo de
ultrapassar o Nada. As emoções
sentimentaisraramenteinspirama
minha poesia, que quase sempre
surge de um problema maior – o
problema da morte, morte não no
sentido metafísico de tudo quanto
possaadvirdepoisdeacontecida.O
que faznascer aminhapoesia éa
nãoaceitaçãodequeumdiaavida
se diluirá e, com ela, o amor, as
emoçõesdosonhoetodaessaforça
em potencial que vive dentro de
nós.”(p. 21 )

A morte como matéria literária nos
exerce grande fascínio; pensar na
finitude humana, nos humaniza,
assimcomonosimortalizaaArte.No
poema abaixo, de Aline Borba, o eu
lírico sintetiza a força divina que a
arte nos proporciona “Para além da
vidaedamorte”:


RETORNO(p. 47 )

Nãoétarde
Paraarte
Vibrarnaalma
Fluirnosolodasangústias
Ecolorirasolidãodaexistência
Nuncaétardeparaamar
Oeueooutro
Nacavernacoletiva
Meio obscura iluminista da
humanidade
Não!Nãoétarde!
Jáqueaartebatefortenopeito
Ardenteeincoerente
Paraalémdavidaedamorte.

Eeisqueminhaviagem,guiada,
à moda de Dante Alighieri, pela
leitura dospoemas“virgilianos”aqui
compartilhados,chegaaoseu final,e
estaleitoraagradeceporcadapoema
lidoesentido,masnãoireisemantes
pescaros últimos versose alinhavá-
los a fim de preparar novas vestes
para vestir a tão absurdamente
enigmáticamorte,porque“fazescuro
maseucanto[...]amanhãéumnovo
dia.”(ThiagodeMello):
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