Caipiras aviadores | 19
Caipiras aviadores
A paixão de nosso caipira pela aviação começou há muito tem-
po. Aqui ao lado de Ribeirão Preto, uma pequena cidade homena-
geia o mais ilustre de seus caipiras que ali teve fazenda e sonhou
com os ares: Dumont. Em meu tempo de faculdade, lá em
Guaratinguetá, encontrei muitos caipiras encantados com os ares.
Um deles em especial, meu amigo, judiou bastante de mim fazen-
do piruetas, parafusos e outros malabarismos com um aviãozinho
paulistinha.
Em um de nossos passeios malucos, o Hortão, meu amigo pilo-
to, viu uns pescadores com redes armadas no rio Paraíba, coisa
que não era proibida naquela época, e resolveu dar uma ajudazinha.
Descemos alguns quilômetros no rio e o Hortão foi abaixando o
avião sobre o Paraíba (e eu me desesperando...). A certa altura ele
encostou as rodas do teco-teco na água e, com a pequena frenagem
da água, o avião inclinou-se para frente e tocou o rio com a ponta
da hélice. Hortão segurou a aeronave nesta posição e foi subindo
o rio tocando os peixes para as redes dos pescadores.
Era água que voava para todo lado, parecia que estávamos den-
tro de um liqüidificador. Próximo das redes ele subiu e deixou os